Um pote até aqui de histórias
"Nós somos o que temos e possuímos".
"Consideramos nossas coisas como parte de nós".
"Things 'R' us".
Frases como essas são comuns na literatura de comportamento do consumidor. Acostumei-me a elas ao longo dos meus estudos e, em aula, passei a usá-las para ilustrar alguns conceitos – entre os quais o de que certos objetos são portadores de importância que ultrapassa a mera funcionalidade. A título de exemplo, costumava citar automóveis, celulares, relógios, roupas e acessórios como representantes dessa categoria: não são apenas meios de transporte, comunicação, apontamento de horas ou proteção do corpo, respectivamente, e sim marcadores sociais e itens de coleção ou adoração pessoal.
Nunca me ocorreu, no entanto, que uma mercadoria pudesse se encaixar nessa definição: os potes plásticos e de vidro para acondicionar alimentos, mais conhecidos pelo nome da marca que os popularizou, Tupperware. O insight veio com a recente notícia da iminente falência da companhia norte-americana e a quase automática referência à importância que vem desempenhando para a sociabilidade brasileira: uma forma de enviar e receber afeto por meio de comida embalada.
Mas a minha principal descoberta foi que a Tupperware e seus muitos genéricos, de tão valiosos, são motivo de tretas familiares, como estas que um podcast compilou em três episódios (clique aqui para ouvir o primeiro, o segundo e, por fim, o terceiro). A ponto de justificar a hilária preocupação da mãe de um humorista que, tão logo eclodiu a pandemia e foi proibida a circulação de pessoas, despertou para um problemaço: "E agora, como a vizinha vai devolver meu Tupperware?". Se depois de três anos a vizinha não tiver entregue o pote, a preocupação da mamy deve ter mudado: com a empresa à beira do precipício, como repor a unidade extraviada?
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