A solução para o clima passa pelo setor privado

Essa foi uma das principais conclusões do fórum "Carbono Neutro – O compromisso das empresas", promovido pelo Grupo AMANHÃ
Debatedores defenderam que o Brasil tenha um mercado regulado de carbono

A solução para o clima passa pelo setor privado. Essa foi uma das principais conclusões do fórum "Carbono Neutro – O compromisso das empresas", promovido pelo Grupo AMANHÃ na manhã desta sexta-feira (10). O debate contou com as participações de Carlo Pereira, diretor executivo da Rede Brasil – Pacto Global da ONU; Marcelo Thomé, presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI); Jorge Soto, diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem; Júlio Nogueira, gerente de inovação e sustentabilidade da Klabin; Francine Lemos, diretora executiva do Sistema B Brasil; e Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

O evento, que foi mediado por Jorge Polydoro, presidente do Grupo AMANHÃ, está disponível no canal do YouTube (clique aqui para conferir na íntegra).

Ao abrir a discussão, Carlo Pereira, diretor executivo da Rede Brasil – Pacto Global da ONU, defendeu que o tema é muito importante e que o país não pode ficar de fora do debate mundial. "O Brasil tem uma oportunidade, pois os negócios podem ser capitalizados principalmente pelo agronegócio que é um dos setores mais sustentáveis do mundo, ainda que também apresente seus problemas", evidenciou. Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), destacou o papel dos empresários na COP 26. "As empresas têm um papel de protagonismo. Elas não apenas estão agindo, mas também pressionando por mudanças. Uma das conquistas da COP 26 foi o término da redação do Artigo 6 que trata do mercado regulado de carbono global. As empresas entraram de um jeito em Glasgow e saíram de outro jeito", resumiu.

Júlio Nogueira, gerente de inovação e sustentabilidade da Klabin, contou como a companhia estabeleceu critérios em direção às metas de neutralidade de carbono. A Companhia possui um histórico de investimentos e adoção de tecnologias de baixo carbono. Isso permitiu que, de 2003 a 2020, houvesse uma queda de 64% de emissão de CO2 equivalente por tonelada de produto gerado. A empresa se comprometeu, ainda em 2019, com a Campanha "Business Ambition for 1.5º C", liderada por agências da ONU e pela SBTi. Mais recentemente, assumiu a meta de ser Net Zero até 2050. Em parceria com o Pacto Global, a Klabin lançou o Movimento ImPacto NetZero, para fomentar a discussão em torno das mudanças climáticas e levar mais empresas a avaliarem a adoção de metas com base na ciência. "Todos têm de dar sua contribuição. Quanto mais empresas estiverem engajadas nessa luta, melhor será. Precisamos ter bastante adesões para essa batalha", convocou.

Jorge Soto, diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem, concordou com Nogueira sobre a necessidade do engajamento. "É uma oportunidade que é para todos. Temos de não somente observar o risco, mas também se colocar como parte da solução. Temos na mão produtos que ajudam o meio ambiente. Tem muito o que fazer pelo desenvolvimento, pois temos muita gente com fome e sem água potável. E ainda assim podemos cuidar do nosso planeta", afirmou. Marcelo Thomé, presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), disse que a participação privada na COP 26 foi expressiva. Para ele, há muitos bons exemplos na indústria brasileira, como os setores de papel e celulose, cimento, aço e alumínio. "Recentemente o Senai criou seu braço de inovação para a bieconomia. É um compromisso das federações com essa agenda de tradição", contou. Bioeconomia é a ciência que estuda os sistemas biológicos e recursos naturais aliados à utilização de novas tecnologias com propósitos de criar produtos e serviços mais sustentáveis. Ela está presente na produção de vacinas, enzimas industriais, novas variedades vegetais, biocombustíveis, cosméticos entre outros.

Francine Lemos, diretora executiva do Sistema B Brasil, explicou como funciona o sistema B no mundo e no Brasil. Para ter a Certificação B as empresas são avaliadas em cinco aspectos: governança, trabalhadores, clientes, comunidade e meio ambiente. As companhias utilizam a Avaliação de Impacto B (BIA), ferramenta gratuita, on-line e exclusiva que permite acompanhar a evolução do desempenho de uma empresa nessas áreas. A certificação é revista a cada três anos para continuar comprovando as suas práticas e o questionário é revisado a cada dois anos. Hoje existem 4 mil empresas certificadas no mundo, sendo 220 no Brasil. "Na pandemia, notamos uma preocupação do setor empresarial com o tema. Tanto é que tivemos um aumento de mais de 50% pela busca do certificado no setor empresarial brasileiro", revelou Francine. "Fazemos a seguinte pergunta: Se sua empresa deixar de existir será melhor ou não para planeta? Para uma empresa B a resposta é não", salientou.

Ao final, os debatedores revelaram suas expectativas para a COP 27, no Cairo, no próximo ano. Para Thomé, da CNI, será importante que o Brasil tenha, até lá, um mercado regulado de carbono no Brasil. Tramita no Congresso o projeto de lei que institui o mercado brasileiro de redução de emissões. "Minha expectativa até a COP 27 é como vai funcionar o mecanismo novo de comércio de carbono que substituirá aquele do Protocolo de Kyoto", revelou Soto, da Braskem. Para Nogueira, da Klabin, será importante que, cada vez mais, os combustíveis fósseis sejam alterados por aqueles renováveis. Na visão de Francine, do Sistema B, as empresas precisam seguir seus compromissos alinhados com a ciência. "Agora é a hora de ação. As empresas precisam mostrar o progresso que estão fazendo e reportar com muita transparência, pois estamos em uma sociedade muito mais atenta", alertou.

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Quinta, 25 Abril 2024

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