Comércio tem leve retração em junho
As vendas no comércio varejista no país tiveram leve queda de 0,1% na passagem de maio para junho, mantendo o índice no campo da estabilidade pelo terceiro mês consecutivo, após registrarem retração de 0,4% em maio e baixa de 0,3% em abril. O índice acumulado no primeiro semestre do ano fechou em 1,8% e, nos últimos 12 meses, o ganho foi de 2,7%. Na comparação com junho de 2024, houve alta de 0,3% no volume de vendas. No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas caiu 2,5% em junho e o primeiro semestre fechou em 0,5%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE.
Cristiano Santos, gerente da pesquisa, aponta que essa é uma estabilidade com viés de baixa, pois os três resultados combinados já dão uma queda de 0,8% em relação a março, quando houve a última alta. "No entanto, março foi justamente o fim de um período que levou ao patamar recorde da série histórica do índice de base fixa. Portanto, um dos fatores para essa queda combinada dos últimos três meses é a base alta de comparação. Outros fatores que também influenciam são a retração do crédito e a resiliência da inflação, no primeiro semestre, em itens-chave, como a alimentação no domicílio", explica.
Houve variações negativas no volume de vendas em cinco das oito atividades do comércio varejista investigadas: Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,7%), livros, jornais, revistas e papelaria (-1,5%), móveis e eletrodomésticos (-1,2%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,9%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,5%). Santos explica que a última possui a maior influência no resultado, pois funciona "como um fator âncora, impedindo que o indicador global tenha uma performance pior, já que houve predomínio de taxas negativas no intersetorial".
Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação registrou queda após crescimento em dois dos últimos quatro meses. Santos indica que essa atividade tem apresentado volatilidade na sua série da margem, alternando meses de alta robusta com meses de queda também intensa. "Esse movimento acontece desde novembro do ano passado e é explicado pelas constantes oscilações do dólar, já que alguns produtos ofertados são sensíveis à variação cambial, o que faz com que as empresas combinem estratégias de elevação dos estoques em momento de apreciação do real com posteriores ondas de promoção", explicou o gerente da pesquisa.
Por outro lado, os resultados positivos entre maio e junho de 2025 ficaram por conta de outros artigos de uso pessoal e doméstico (1%), tecidos, vestuário e calçados (0,5%) e combustíveis e lubrificantes (0,3%). No comércio varejista ampliado, entre maio e junho, a atividade de veículos e motos, partes e peças caiu (-1,8%), assim como material de construção (-2,6%). Santos explica que o primeiro setor também demonstra alta volatilidade. "Esse cenário tem a ver com a oferta de crédito para aquisição de veículos, que, mesmo com a taxa básica de juros em níveis altos, continuou se expandindo ao longo do primeiro semestre", ressaltou o gerente.
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