Para indústria do Sul, medidas anunciadas pelo governo são paliativas

Plano de contingência é insuficiente para garantir a sustentabilidade dos negócios e preservar empregos
A ausência de medidas trabalhistas concretas preocupa industriais da região

As Federações de Indústrias da região Sul (Fiep, Fiesc e Fiergs) se manifestaram sobre as medidas emergenciais anunciadas nesta quarta-feira (13) pelo governo federal em socorro a empresas exportadoras. Para a Fiep, o Planalto precisa cumprir seu papel como principal negociador para a busca de uma solução definitiva em relação à taxação imposta pelos Estados Unidos. Segundo a entidade, apesar de as medidas serem importantes para dar fôlego às empresas mais afetadas, caso não haja a reversão efetiva da taxação por meio de vias técnicas e diplomáticas, elas somente postergarão o colapso de segmentos dependentes do mercado norte-americano.

"No Paraná, muitas indústrias que são altamente dependentes das exportações para os Estados Unidos, como é o caso de alguns segmentos do setor da madeira, já estão há mais de um mês sofrendo prejuízos com cancelamentos de contratos de compradores norte-americanos e chegaram ao limite de suas capacidades para manutenção das atividades e dos empregos que geram", afirma o presidente do Sistema Fiep, Edson Vasconcelos. Para ele, as medidas não deixam de ser importantes neste momento, mas são apenas paliativas. "Sem recuperar o mercado norte-americano, essas empresas não conseguirão sobreviver. Seus problemas, portanto, só serão resolvidos com a reversão das tarifas, o que depende de uma negociação baseada em critérios técnicos e diplomáticos", acrescentou.

A Fiesc entende que o plano é um paliativo importante para minimizar os impactos das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Na avaliação do presidente da entidade, Gilberto Seleme, entre os destaques do plano de contingência estão a extensão do programa Reintegra que permite que as empresas exportadoras recebam de volta parte dos impostos pagos durante a produção de bens exportados. As micro e pequenas empresas passarão a receber 6% de volta, enquanto as médias e grandes empresas receberão 3%, até 2026. "O setor industrial teve um papel importante no desenvolvimento desse plano, com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) fazendo a interlocução com o governo e apresentando demandas e sugestões dos industriais para que a proposta fosse efetiva e contemplasse as reais necessidades", afirmou.

Outra medida relevante, na avaliação da indústria catarinense, é a ampliação, por um ano, do prazo de suspensão do pagamento de tributos previstos no regime especial de drawback, em que a incidência de determinados impostos sobre a matéria-prima utilizada na fabricação de mercadorias fica isenta ou suspensa. O objetivo é que estas empresas não percam créditos tributários na exportação, segundo o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

A Fiergs avaliou, ainda de modo preliminar, que o plano de contingência é necessário e relevante para dar fôlego às empresas afetadas, mas insuficiente para garantir a sustentabilidade dos negócios e preservar empregos. A ausência de medidas trabalhistas concretas no plano é preocupante, uma vez que, somente no Rio Grande do Sul, milhares de postos de trabalho estão diretamente ameaçados.

A MP prevê a liberação de R$ 30 bilhões em crédito para empresas afetadas, além de outras ações como reativação do programa Reintegra, pleitos defendidos pela indústria gaúcha desde o início do conflito comercial. O presidente do Sistema Fiergs, Claudio Bier, afirma que ainda é preciso entender exatamente como as medidas funcionarão, embora não sejam capazes de restabelecer a competitividade de entrada no mercado dos Estados Unidos. "As medidas são paliativas, não resolvem o problema. Ainda precisamos de um plano para preservar os empregos. O governo, acima de tudo, deve manter o foco na negociação diplomática para reduzir as tarifas", afirma.

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Quinta, 14 Agosto 2025

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