O que cabe num copo?
Todo verão tem seu modismo e sua polêmica, e o deste ano respondeu por copo Stanley. Trata-se de um copo térmico fabricado nos Estados Unidos que passou a ser adotado por bebedores de cerveja na praia e nas piscinas, gerando uma polarização nas redes sociais entre adeptos e detratores. Como até a mais ínfima novidade mercadológica tem lá sua utilidade didática, vale destacar alguns trechos de matéria da GQ Brasil de abril sobre o assunto e extrair dela pequenas lições de marketing que já foram objeto de postagens neste blog.
1)"No fim de 2019, vimos que muita gente comprava o produto no Sul, para tomar chimarrão, e resolvemos investir" (importadora do produto no Brasil).
Nada como monitorar o mercado e descobrir comportamentos de compra surpreendentes. A tática, por sinal, tem adeptas ilustres. Se o tradicionalíssimo chimarrão estava sendo sorvido em um copo de metal, em vez de na cuia, por que não a cerveja e o vinho, que têm bebedores bem menos ortodoxos?! E por falar em vinho...
2)"[...] o copo é uma boa pedida para um comportamento do brasileiro: tomar vinho na piscina e na praia. 'Ajuda a descomplicar o consumo'", segundo um sommelier ouvido pela revista.
...descomplicar o consumo é tudo de que o vinho precisa no Brasil, conforme escrevi numa das primeiras postagens deste blog (relembre aqui e também aqui). Os entendidos podem torcer o nariz, mas alternativas assim ajudam a desmitificar o vinho e torná-lo mais popular e próximo do consumidor, como a cerveja.
3)"'Quando os memes começaram, pensamos: como vamos reagir? [...] Mas aí vimos que não precisávamos fazer nada: o próprio consumidor estava defendendo o produto'" (importadora do produto no Brasil). "'O copo virou um símbolo da classe média alta urbana. Quem se enxerga como pertencente a esse grupo se identifica com o produto. Quem é de fora faz o papel de detrator'" (Diogo Ferreira, professor de psicologia econômica).
O copo Stanley tem lovers e haters. Por isso, merece o título de marca polarizadora, como aquelas que comentei neste post.
4)"[...] a linha Stanley, lançada há sete anos com um único modelo, hoje tem mais de 60 itens no Brasil – com canudo, um especial para chimarrão e mais outros tantos [...]".
Ah, o velho conceito de ciclo de vida do produto...Lança-se um item e, se a aceitação for boa, passa-se a oferecer novas versões, como mencionado num post fresquinho, da semana passada. Mas o ciclo de vida também ensina que...
5)"Empresas como Britânia e Philco já puseram no mercado itens similares. [...] Grupo Britânia colocou no mercado duas marcas concorrentes à linha Stanley".
...basta um produto se mostrar bem-sucedido para atiçar o apetite da concorrência. Lembro de ter comentado o assunto em um post sobre a febre dos livros de colorir para adultos, lá pelos idos de 2013. Os tais livros começaram com uma presença tímida nas prateleiras de bancas e livrarias para, de repente, não mais do que de repente, ocuparem todos os espaços possíveis e imagináveis, como se não houvesse outro hobby à disposição.
No caso do copo Stanley, a proliferação de marcas e opções sugere que ele ainda irá gerar alguma polêmica no próximo verão – e, quem sabe, render mais alguma postagem por aqui...
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