Um simples e-mail pode render milhões
Em fevereiro desse ano, um e-mail apareceu na minha caixa de entrada e chamou minha atenção. O título deve ter sido tirado do “Guia Apple para lançamento de produtos”, pois dizia: “A Pebble tem algo especial amanhã. Seja o primeiro a ver!”.
A Pebble ganhou uma fama meteórica depois de arrecadar US$ 10 milhões de 69 mil pessoas na plataforma de crowdfunding Kickstater (foto) com seu primeiro produto (o relógio Pebble Watch). E lá vinha ela de novo com outro produto. No dia seguinte, o Pebble Time, mais novo relógio “smart” da empresa, entrou no Kickstarter buscando aventureiros e clientes fiéis que arriscassem seu dinheiro na pré-venda. Em apenas 49 minutos, o projeto da Pebble atingiu a marca recorde de US$ 1 milhão arrecadado em menor tempo. Nas 48 horas que se seguiram, o total subiu para mais de US$ 10 milhões em produtos pré-vendidos para aproximadamente 48 mil clientes.
Mais ou menos ao mesmo tempo do lançamento da Pebble, Mike Chen, um empreendedor de São Francisco (EUA), teve uma ideia: por que não oferecer um serviço rudimentar que permitisse pedir rapidamente qualquer coisa que você queira – não importa o quão aleatório seja – por mensagem de texto? Entrega de pizza? Fácil. Uma bicicleta nova? Claro. Chen viu essa ideia como algo que ele sempre quis para fazer sua própria vida mais fácil. Chen criou um site simples e batizou o serviço de Magic. Ele compartilhou com alguns amigos que foram ágeis em fazer seus testes e passar a novidade adiante. No fim de semana, o serviço bombou. Na segunda-feira pela manhã Chen teve de recrutar 18 amigos e membros da sua família para ajudar a administrar a enxurrada de mais de 18 mil pedidos.
Tanto Pebble quanto Magic ganharam popularidade em segundos. Cada um de nós tem desafios parecidos quanto a ganhar no mercado e ter aquele gosto de sucesso e propósito quando clientes reais validam que aquilo em que trabalhamos tanto realmente se espalha e agrega valor. Mas o que acontece na realidade é que, por vários motivos, cerca de 75% dos produtos não têm receita significativa no primeiro ano.
As duas histórias que relatei, no entanto, dão uma luz sobre novas formas de eliminar etapas do tradicional ciclo de desenvolvimento de um produto ou serviço. Afinal, não são muitas as empresas, grandes ou pequenas, que rejeitariam US$ 10 milhões de pré-venda em um produto antes mesmo de ter uma só pessoa trabalhando em produzi-lo. Existem três aprendizados aqui e outros exemplos da mudança e da oportunidade causadas por ver e pensar diferente:
1. Redefina seu significado de rapidez
A internet é catalisadora. Quase tudo é amplificado, ignorado ou requentado em questão de segundos. E assim criam-se novas oportunidades de engajar clientes, fãs e críticos. Ela empodera novos modelos de negócios (como o próprio Kickstarter) que expandem seu alcance e mostram cenários que há alguns anos atrás eram inimagináveis. Reflita: estou usando a rapidez em minha vantagem ou a estão usando contra mim?
2. A importância do engajamento
Engajamento é uma conversa, mas empresas estão sendo excluídas das mais importantes discussões, pois optam por utilizar novos canais de formas tradicionais. Em um mar tumultuado é cada vez mais difícil de ser ouvido. Tanto a Pebble quando a Magic conseguiram se destacar porque eles não divulgaram uma proposta de valor qualquer. Ambos ofereceram uma chance das pessoas se engajarem, tentar algo novo, fazer parte do processo e de um movimento. Pergunte-se: estou conversando com meus clientes ou só vendendo meu produto?
3. Repense a abordagem
Se você está numa sala em algum lugar, secretamente desenvolvendo seu produto ou serviço e espera que ele se torne um sucesso antes mesmo de você terminar de dizer “Tcharam!”, a sorte não estará com você. Considere sair por aí, iterar, co-criar e prototipar junto aos clientes conforme você avança. Tanto o lançamento da Pebble quando a Magic poderiam ser histórias diferentes, mas as empresas tomaram uma abordagem de iteração, engajaram com seus clientes e alcançaram o sucesso. Pense como você pode co-criar!
*Vice-presidente global de estratégia para clientes da SAP.
Leia aqui o texto originalmente publicado no site da Endeavor.
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