Campanha defende produtos caipiras autênticos

Paraná passa a presidir associação que representa produtores brasileiros de aves criadas conforme protocolos específicos
A expansão desse mercado no país, principalmente em razão da preocupação cada vez maior com a saúde e o bem-estar animal, desperta a atenção de grandes produtores

O produtor Marcos Batista, da empresa Frango Caipira do Campo, de Ivaiporã (PR) é o novo presidente da Associação Brasileira da Avicultura Alternativa (Aval), que representa os produtores brasileiros da ave criada solta, com alimentação natural e cumprindo especificações técnicas.

Entre as suas prioridades está a campanha de alerta contra os produtos "caipiras fakes", produzidos conforme os padrões convencionais, mas embalados e vendidos como alimentos alternativos. O alerta se aplica tanto ao frango quanto aos ovos comercializados no mercado nacional que, em muitos casos, configuram fraude contra o consumidor.

"Estamos desencadeando esta campanha para alertar os órgãos públicos, os pontos de venda e o consumidor final. Os produtos alternativos, sejam ovos ou frangos – caipira, verde ou orgânico, têm características e exigências próprias e isso precisa ser respeitado para que o consumidor não leve para casa um alimento que não corresponda ao que promete o rótulo", afirma Batista.

Selo Aval
A Aval procurou apoio da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que já realiza ações do gênero em relação a outros produtos, como azeite e café. A entidade também criou o Selo Aval, que identifica o produto alternativo para informar corretamente o consumidor.

Batista observa que há diferenças no processo de produção do frango alternativo em relação a outros tipos de aves convencionais. "São carnes nobres, com as aves criadas praticamente de modo rústico e artesanal. Os animais dispõem de espaço aberto, alimentação natural e sem uso de antibióticos profiláticos, resultando em uma carne de textura consistente e sabor marcante."

Bem-estar animal
No caso do frango caipira, a linhagem também é especial, própria para produção de aves caipiras e o abate é feito com um tempo estendido de criação. "O custo de produção é significativamente superior ao do frango convencional e o produto final é muito diferente – porém, entre as carnes nobres, ainda é a mais acessível", aponta o presidente da associação, observando que há um rígido controle do manejo no caso dos frangos alternativos e ovos caipiras.

Na produção de ovos, com a crescente demanda por produtos de alto valor proteico, seguros e diferenciados, o cuidado é ainda maior porque é difícil de identificar as fraudes, e as qualidades organolépticas diferenciadas do ovo caipira se confundem visualmente com as de outros produtos convencionais.

A preocupação com o bem-estar animal é um dos grandes diferenciais da produção alternativa. Em 2015, a Aval, em parceria com a Associação Brasileira de Proteção Animal (ABPA), Ministério da Agricultura, Abras, Embrapa, Apas e outras relevantes entidades, sob a coordenação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), elaborou a Norma 16.389 para frangos caipiras e, em 2016, a Norma 16.347 para ovos caipiras, visando a atestar e garantir o padrão de qualidade que os produtores de alternativos oferecem ao mercado.

Segundo Batista, a expansão desse mercado no país, principalmente em razão da preocupação cada vez maior com a saúde e o bem-estar animal, desperta a atenção de grandes produtores. Muitos têm associado os seus produtos – tanto frango como ovos – a processos de produção alternativos quando, na verdade, constituem-se como granjas comerciais, com procedimentos convencionais e buscando altos índices de produtividade. O que não é possível no modo alternativo de produção, alerta o presidente da entidade.

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Quinta, 21 Novembro 2024

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