Embrapa lança variedades de uvas adaptadas ao Sul do país
A Embrapa Uva e Vinho lançou na primeira quinzena deste mês duas novas cultivares de uva. Uma delas é a BRS Melodia, uva rosada de mesa sem sementes, crocante, com gosto de frutas vermelhas e muito doce. Outra é a BRS Bibiana, nome talvez inspirado na personagem de O Tempo e o Vento, do escritor gaúcho Erico Verissimo.
Esse cultivar foi produzido para elaborar um vinho branco, com alto grau de açúcar, resistente a doenças e com alta produtividade. Ambas são adaptadas ao clima temperado do Sul do país e demandam menor quantidade de insumos para o controle de doenças. Além dessas duas novidades, a Embrapa apresentou as recomendações de cultivo na Serra Gaúcha das cultivares de uva mesa sem sementes BRS Isis e BRS Vitória, que foram desenvolvidas inicialmente para produção em regiões de clima tropical, com destaque para o Vale do São Francisco (Pernambuco e Bahia). Na Serra Gaúcha, a principal recomendação para as três cultivares de mesa (BRS Isis, BRS Vitória e BRS Melodia) é o cultivo sob cobertura plástica.
“Hoje temos uma coleção de trabalho com as melhores seleções e cultivares que fornecem material para os cruzamentos, atribuindo características interessantes, por exemplo, a resistência às doenças, características do cacho, cor, aroma e sabor das uvas. Dessa forma, conseguimos oferecer de forma permanente novas cultivares para atender as demandas do setor”, explica Mauro Zanus, chefe geral da Embrapa Uva e Vinho. Aproximadamente 120 pessoas, entre viticultores, técnicos e lideranças do setor estiveram presentes no evento de lançamento da BRS Melodia e apresentação do manejo para a Serra Gaúcha da BRS Vitória e BRS Isis, quando puderam conhecer os resultados das pesquisas desenvolvidas pela Embrapa em Bento Gonçalves.
A BRS Bibiana é uma uva branca, resistente às podridões de cacho, pois eles não são compactos. O vinho elaborado com a BRS Bibiana remete àqueles obtidos a partir de uvas europeias; o nível de açúcar, na maturação, é alto. A nova cultivar se adapta melhor ao clima subtropical úmido da região da Serra Gaúcha, tem alta produtividade e demanda menos tratamentos fitossanitários em função da resistência genética e dos cachos soltos. “A BRS Bibiana é a matéria-prima mais adaptada às condições de solo e clima da Serra Gaúcha para a elaboração de um vinho branco com todas as características de um vinho fino”, descreve Zanus.
O engenheiro agrônomo da Cooperativa Vinícola São João, Paulo Adolfo Tesser, acredita que a BRS Bibiana é uma variedade com qualidade superior às uvas viníferas da região. “O mais importante é o aroma dela, parecido com o das uvas viníferas, tipo Sauvignon Blanc e Chardonnay. Também é uma uva mais fácil de produzir e resistente às podridões de cacho e outras doenças, o que é bastante importante nessa região que é chuvosa”, entende Tesser. Thompson Benhur Didoné, extensionista da Emater/RS-Ascar não conhecia a nova cultivar de vinho branco. “Só a redução na aplicação de defensivos, devido à resistência principalmente as podridões, já é um ganho para oprodutor em termos de redução de custo de produção e também ambientais. O vinho é extremamente elegante, com toda a semelhança às viníferas, embora classificada como híbrida, tendo uma acidez equilibrada. É uma bebida com grande potencial”, avalia. Flávio Ângelo Zílio, enólogo da Cooperativa Vinícola Aurora, chega a fazer um pedido para quem degustar o vinho da BRS Bibiana. “Avaliem essas variedades com muito carinho, porque elas são originárias de muito trabalho e têm provado sua qualidade. Precisamos respeitá-las e divulgá-las pelo Brasil, para que possamos tomar vinhos cada vez mais saudáveis e de qualidade”, sugere.
Assista, a seguir, o pesquisador Mauro Zanus explicando mais características enológicas do vinho branco elaborado com a BRS Bibiana.
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