Apenas 6 de 21 setores conseguem compensar perdas com sobretaxas nos EUA
Estudo inédito da Amcham Brasil sobre os impactos das sobretaxas de 40% e 50% atualmente em vigor sobre produtos brasileiros aponta um desempenho negativo disseminado nas vendas aos Estados Unidos. Entre agosto e novembro, todos os 21 setores analisados registraram queda de exportações para o mercado norte-americano, na comparação com o mesmo período de 2024. A redução dessas exportações totalizou US$ 1,5 bilhão. Em temos relativos, em todos os setores houve uma retração nas vendas ao mercado americano maior do que a variação das vendas para o mundo, salvo no setor de material de transporte.
Nesse sentido, a estratégia de redirecionamento de exportações para terceiros mercados foi insuficiente para mitigar os efeitos das sobretaxas na maior parte dos casos. Em 15 dos 21 setores analisados, o desempenho das exportações globais não se mostrou capaz de compensar as perdas para o mercado norte-americano. No geral, as perdas dos 15 setores que não conseguiram compensar suas quedas com vendas em outros mercados somaram US$ 1,2 bilhão, com destaque para os setores de alimentos, plástico e borracha, madeira, metais e material de transporte. Entre os seis setores que conseguiram compensar integralmente suas perdas estão produtos vegetais; gorduras e óleos; químicos; pedras preciosas; máquinas e aparelhos elétricos; e máquinas e instrumentos mecânicos.
A análise também destaca que, em diversos casos, o crescimento das exportações para terceiros mercados ocorreu em itens distintos daqueles tradicionalmente exportados para os Estados Unidos, sugerindo uma compensação imperfeita em nível de produtos e empresas. No setor de máquinas e aparelhos elétricos, por exemplo, as exportações para os Estados Unidos recuaram US$ 104,5 milhões, enquanto as vendas para o restante do mundo cresceram US$ 650 milhões no período, o que à primeira vista sugere compensação. No entanto, os principais produtos afetados no mercado dos Estados Unidos, como transformadores e geradores, não tiveram o mesmo desempenho em outros destinos: as exportações de transformadores caíram 23,1% para o mercado norte-americano e 40,9% para o resto do mundo, enquanto as de geradores recuaram 54,6% para os Estados Unidos e cresceram apenas 2,3% nos demais mercados.
De acordo com a Amcham Brasil, essa análise reforça que o mercado dos Estados Unidos não é facilmente substituível para as exportações brasileiras, seja por sua dimensão, diversidade e maior valor agregado da pauta importada, ou pelas especificações técnicas dos produtos a ele destinados. "O estudo sugere que não é possível compensar plenamente as vendas da maioria dos produtos exportados para os Estados Unidos por meio do seu redirecionamento a outros destinos. A estratégia de diversificação é bem-vinda, mas não substitui o papel do mercado americano, cujo tamanho, escala e características são únicos. Essa conclusão reforça a importância das negociações bilaterais para melhorar as condições de acesso dos setores exportadores brasileiros ainda sujeitos a sobretaxas nos Estados Unidos", afirma Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil, por meio de nota.
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