Os cinco novos mandamentos corporativos

Toda grande crise sempre traz algum efeito colateral positivo
Ricardo-Almeida “Por mais que não exista uma receita de transformação, há um conjunto inegável de novos paradigmas que passaram a definir nossa própria capacidade mais fundamental de mudança”, sentencia Ricardo Almeida, Key account director da BriviaDez

Fala-se muito nos efeitos tenebrosos que o coronavírus deixará na economia e nas recessões globais que surgirão a partir daí. Mas, obviamente excluindo desta análise as irreparáveis perdas humanas, não se deve perder de vista que toda grande crise sempre traz algum efeito colateral positivo.

Isso não seria diferente com uma crise de proporções cataclísmicas como esta. Forçadas pela necessidade de sobrevivência, empresas reorganizaram – em dias – todas as suas cadeias de negócios; suas estruturas logísticas; seus modelos comerciais; seus produtos e serviços. Portas fechadas? Talvez em um passado que já soa distante, que separava o analógico do digital. No mundo atual, com negócios transitando em velocidade plena via internet, oportunidades até então impensáveis parecem brotar de todos os cantos.

O que deve mover empresas de todos os portes no mundo pós-pandemia? Isso não significa que essas mesmas oportunidades cairão no colo de empreendedores e gestores. Ao contrário: eles serão forçados a se adaptar a esses novos tempos para que consigam se transformar e, com isso, sobreviver.

Como? Por mais que não exista uma receita de transformação, há um conjunto inegável de novos paradigmas que passaram a definir nossa própria capacidade mais fundamental de mudança. São os novos mandamentos corporativos, as regras informais que empresas de todos os portes e de todos os cantos passaram a entender como sagradas. Ei-las:

1) Agilidade é sobrevivência
Mais do que nunca, agora toda empresa deve se enxergar como parte de uma corrida por um determinado mercado. A melhor maneira de perder uma corrida? Sendo lento. E não adianta colocar a culpa nos processos, na mentalidade da diretoria, no tradicionalismo de uma marca avessa a grandes guinadas: desculpas nunca resolvem problemas.

2) Abrace a cultura do MVP
Foi-se o tempo que abraçar processos kafkianos eram motivo de orgulho. Se, por um lado, metodologias hipercomplexas foram concebidas para eliminar riscos operacionais, por outro, elas se transformaram em uma espécie de inimiga número um da velocidade. Metodologias de trabalho precisam ser redefinidas: ao invés de se pautar por uma interminável Via Crúcis que busca eliminar todos os possíveis problemas antes de se lançar uma solução, elas devem servir para abrir e pavimentar o caminho mais curto possível – ainda que com algumas falhas administráveis. Eis o conceito de MVP (sigla em inglês para "produto mínimo viável"): basta ser rápido para lançar algo minimamente suficiente para comprovar uma tese de mercado e abrir caminho para um novo negócio. Esse "produto mínimo viável" será perfeito? De forma alguma. Mas irá a mercado rapidamente, colherá impressões imediatas dos consumidores e permitirá que a companhia faça os ajustes necessários enquanto colhe os frutos da inovação.

3) Não há mais early adopters: há early survivors
O termo early adopters foi concebido para definir aquela parcela de público mais aberta a experimentar novos produtos ou serviços. No mercado de hoje, estar mais aberto à inovação significa ter mais velocidade para testar, absorver e digerir novos conceitos antes dos concorrentes. E, do ponto de vista corporativo, isso pode ser a diferença entre sobreviver ou morrer.

4) A tecnologia é feita para nos unir
Em um passado não muito distante, era comum ouvir pessoas dizerem o quanto as redes sociais e a tecnologia em si serviam apenas para afastar as pessoas e proporcionar uma conexão meramente superficial. Se tem uma coisa que as quarentenas globais comprovaram foi que, no nosso mundo moderno, a conexão entre pessoas depende da tecnologia. E isso inclui desde aplicativos de mensagem instantânea a sistemas de videoconferência que viabilizaram a própria existência do que entendemos por mercado.

5) Só se muda quando se desenvolve a capacidade de enxergar as falhas óbvias
É raríssima a empresa que não tenha uma coleção de elefantes na sala e um punhado de executivos esforçando-se para não enxergá-los. Podem ser produtos ruins, serviços mal prestados, processos procrastinadores ou colaboradores que abusam de blindagens políticas internas para maquiar incompetências inegáveis. Pois bem: não há como mudar, não há como se transformar sem lidar com esses elefantes na sala, com essas falhas óbvias.

Esse processo é simples? Transformação nunca é simples – em nenhum nível. Requer uma mescla entre a paixão de empreendedores que acreditam em seus sonhos e a frieza de gestores que vivem pelos números. Mas essa talvez seja a maior beleza de todo esse processo: diferente de outros tempos, quando se podia se dar ao luxo da espera por situações mais cômodas e confortáveis, a transformação hoje é questão de sobrevivência. Pode não ser um processo simples, mas é, sem sombra de dúvidas, inevitavelmente urgente. Para todos nós.

*Key account director da BriviaDez

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Quinta, 21 Novembro 2024

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