Contas externas têm saldo negativo de US$ 4 bilhões em junho
As contas externas do país tiveram saldo negativo em junho de 2024, chegando a US$ 4 bilhões. No mesmo mês de 2023, o déficit havia sido de US$ 182 milhão nas transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda com outros países. A piora na comparação interanual é resultado da queda de US$ 3,3 bilhões no superávit comercial, em razão, principalmente, da redução no valor das exportações. Contribuindo para o resultado negativo nas transações correntes, os déficits em serviços e renda primária (pagamento de juros e lucros e dividendos de empresas) aumentaram em US$ 399 milhões e US$ 46 milhões, respectivamente. A renda secundária também teve redução no superávit, de US$ 148 milhões.
Em 12 meses encerrados em junho, o déficit em transações correntes somou US$ 31,4 bilhões, 1,4% do PIB, ante o saldo negativo de US$ 27,6 bilhões (1,2% do PIB) no mês passado. De acordo com o chefe do departamento de estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, as transações correntes têm cenário bastante robusto e vinham com tendência de redução nos déficits em 12 meses, que se inverteu a partir de março deste ano. Ainda assim, o déficit externo é baixo para os padrões da economia brasileira e está financiado por capitais de longo prazo, principalmente pelos investimentos diretos no país, que têm fluxos de boa qualidade.
Os dados do Investimento Direto no País (IDP) no mês de junho somaram US$ 6,2 bilhões, o melhor resultado desde junho de 2013, quando foi de US$ 10,3 bilhões. De acordo com Rocha, isso mostra "uma tranquilidade grande das contas externas brasileiras". No acumulado de janeiro a junho, o déficit nas transações correntes ficou em US$ 18,6 bilhões, contra saldo negativo de US$ 8,9 bilhões no primeiro semestre de 2023. Nesse caso, o resultado também é explicado pela redução do superávit comercial (em US$ 4,2 bilhões) e, principalmente, pelo aumento do déficit da conta de serviços (em US$ 5,2 bilhões).
Segundo Rocha, desde o ano passado, as transações em serviços têm sido bastante relevantes para a dinâmica das transações correntes e, por consequência, da dinâmica da economia brasileira. No caso da balança comercial, houve redução no superávit em razão do crescimento maior das importações. As exportações tiveram crescimento baixo no primeiro semestre, de 0,6%, explicado principalmente pela redução nos preços internacionais; ainda assim, como aumentaram em cima do recorde do ano passado, é o maior valor exportado da série histórica para primeiros semestres de cada ano.
Com ABR
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