Um longo e burocrático caminho da vinícola estrangeira à taça do brasileiro
Os dados são oficiais e comprovam a impressão geral. O brasileiro está bebendo mais vinho. Muito mais, na verdade. Entre abril e agosto a importação de vinhos finos praticamente dobrou, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, pulando de US$ 21,2 milhões para US$ 40,4 milhões. Na comparação entre os primeiros trimestres de 2019 e 2020, o consumo da bebida nas casas brasileiras cresceu 10,9%, revela um levantamento da Ideal Consulting – empresa especializada em pesquisa de mercado.
Os números em alta desafiam processos burocráticos de alta complexidade e tributação implacável. Quem lidera as compras são atacadistas e empresas de vendas on-line. E elas não conseguem fazer sozinhas essas operações, o que tem aquecido outro segmento da economia, especializado em logística internacional e despacho aduaneiro.
"Devido às altas exigências legais e de qualidade, os atacadistas especializados em vinhos são as empresas que mais importam, distribuindo para supermercados e adegas que atuam no varejo e atendem o consumidor final. Já as empresas que atuam por e-commerce de vinhos já figuram entre os maiores importadores de vinhos do Brasil, e têm ganhado ainda mais espaço dentro do período de isolamento social", afirma Paulo Henrique Glislere, supervisor de operações de importação e especialista em importação de bebidas do Grupo Pinho, um dos líderes brasileiros na gestão de logística internacional.
Chilenos e argentinos
Os vinhos mais importados pelos brasileiros vêm dos parceiros na América do Sul, liderados pelo Chile e pela Argentina: em 2019, mais da metade das garrafas que cruzaram as fronteiras do Brasil vieram destes dois países. Na sequência estão Portugal, França, Itália e Espanha, totalizando mais 40% do total de vinhos importados no ano. "Praticamente todos os vinhos (98%) são transportados por navios, ou por carretas através das fronteiras. Nos últimos cinco anos, os principais pontos de entrada foram o Porto de Santos, em São Paulo, e a região de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul", ressalta.
Exigências legais
A legislação internacional - e a brasileira também - é extremamente exigente com produtos que se destinam ao consumo humano. Até chegar à taça, o vinho enfrenta severas exigências de qualidade. "O produto precisa passar por análise no país de origem, e sua comercialização só é autorizada depois de nova análise e certificação no Brasil, por laboratório credenciado e autorizado pelo Ministério da Agricultura. A comercialização ocorre apenas se forem atendidos todos os requisitos e parâmetros de qualidade, bem como sua rotulagem de acordo com as normas nacionais", explica Glislere.
Além disso, existem variáveis envolvidas na classificação usada pela importação e comércio de vinhos no Brasil e no mundo, como o tipo da uva, o teor de açúcar e a cor. "O tipo do vinho varia principalmente pela graduação alcoólica, matérias primas e espécie de uva utilizada, além das variações no processo de produção da bebida. Os vinhos também são classificados por sua cor e pelo teor de açúcar, sendo eles branco, rosé e tinto; seco, demi-seco e suave."
O aumento da demanda fez a Academia Pinho, braço educacional do Grupo Pinho, preparar um curso on-line sobre o assunto, que será lançado nas próximas semanas para que profissionais das importadoras de vinho possam comprar e receber com mais segurança o produto que vão entregar aos consumidores.
Veja mais notícias sobre BrasilParanáSul for Export.
Comentários: