Pedras rolantes
Você sabia que itaú significa "pedra preta"? Esse foi um dos esclarecimentos dos quais o banco batizado com a palavra em tupi-guarani lançou mão quando da apresentação de sua nova logomarca, semana passada. A assessoria de imprensa valeu-se da origem do vocábulo para explicar o formato arredondado do quadrado no qual o nome está inserido, supostamente remetendo ao mineral, mas esquivou-se de justificar por que ele foi representado na cor laranja – a pedra não é preta, afinal? Mas...quem se importa?
Alexandre Wollner (1928-2018), um dos pioneiros do design gráfico brasileiro, certamente sim. Responsável pela logo do banco no início da década de 1990, foi instado a colocar um pouco mais de cor no preto, branco e laranja que vinham caracterizando o Itaú há mais de 20 anos. Wollner, um purista formado na escola alemã, negou-se ("é pedra preta!") e abandonou o job (saiba mais neste vídeo, a partir do minuto 21).
Talvez fosse mesmo um capricho. Nomes de marca devem ser fáceis de memorizar, pronunciar e, se possível, evocar algo positivo. O primeiro critério, contudo, deve ser a sonoridade e a capacidade de diferenciar-se daquilo que já existe no mercado. O significado e a origem podem ter importância para o proprietário do negócio, mas para os consumidores costumam passar batidos. Grudou na mente? É o que interessa.
A rede gaúcha de livrarias Cameron deve seu nome à atriz norte-americana Cameron Diaz. Não foi uma homenagem nem nada, apenas um insight de seu controlador quando lia uma matéria a respeito da artista. E a construtora porto-alegrense Maiojama reúne as duas primeiras letras dos nomes dos casais que a fundaram: Maurício, Ione, Jaime e Marlene Sirotsky.
Mais um casal emprestando suas alcunhas: Mormaii é a soma de Morongo, apelido do fundador, e de Maira, sua esposa à época da abertura da confecção de surfwear. O "i" adicional, no final, é só para dar uma bossa e remeter a Hawaii.
A família que criou as lojas de moda feminina Rabusch, de Porto Alegre e região, empenhou-se um pouco mais. Buscou inspirações diversas para chegar ao batismo final: Ra remete ao Deus Sol do Antigo Egito, Bus é a segunda sílaba do sobrenome dos fundadores, Debus, e Ch, um sufixo comum na língua alemã.
Mais simplinho fez a espanhola Asunción Romacho, que batizou seu supermercado com seu apelido, Asun. A Panvel, você já deve saber, deve seu nome às duas farmácias que se uniram para criá-la, a Panitz e a Velgos. E AMANHÃ veio do encarte Cenários do AMANHÃ, que a futura editora responsável pela revista produziu a pedido da Fiergs. E fazendo jus ao espírito que a criou, AMANHÃ mostrou-se atenta ao assunto naming e o abordou pelo menos duas vezes nos últimos anos (confira aqui e também aqui).
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