A luta continua
Uma empresa pisa na bola e comete algo que você julga ser um pecado. O que você faz? Xinga muito no Twitter? Para de comprar os produtos da companhia? Ou mobiliza-se para pressioná-la a corrigir as mancadas e se tornar uma empresa melhor?
Se você escolheu qualquer uma das opções acima em detrimento do "não faço nada", você boicota – ou seja, expõe seu desagrado de alguma forma.
Há três tipos de boicotes. O primeiro, chamado de instrumental, visa mudar o comportamento da empresa, tentando torná-la aberta a uma revisão de suas práticas. O segundo, expressivo, manifesta insatisfação e tenta criar uma pressão, via mídia, antes de iniciar qualquer diálogo. Vale-se da exposição pública negativa como trunfo. E o terceiro, punitivo, entende que qualquer dano causado pela companhia não pode ser revogado ou corrigido, e por isso tenta impingir-lhe prejuízos econômicos, seja obrigando a desembolsos indenizatórios, seja reduzindo receitas pela rejeição aos produtos.
Os boicotes vêm crescendo, muito em função da disseminação das redes sociais, da maior vigilância da sociedade e das estridências das posições expressas publicamente. Mas a eficácia dessas iniciativas é discutível. "Há poucas evidências de que eles impactem as vendas das empresas-alvo", segundo este estudo. O mesmo documento narra, aliás, o surgimento de uma variante do boicote: o BUYcott.
No que consiste? Em dar preferência de compra às empresas que têm práticas tidas como desejáveis. Enquanto no boicote a intenção é enfraquecer a imagem ou o desempenho econômico de uma marca, a intenção do BUYcott é oposta: enaltecer e fortalecer.
Ser alvo de BUYcott, em tese, é uma dádiva para as empresas, especialmente aquelas do setor 2.5, que combinam propósitos nobres e objetivos comerciais (saiba mais aqui). Porém, companhias assim tornam-se eternamente responsáveis pelo que cativam, a ponto de sofrerem pressões quando tomam decisões que desafiam o interesse dos clientes – a marca de snacks naturais Mãe Terra que o diga, quando, anos atrás, foi comprada pela Unilever e precisou "se explicar" para consumidores revoltados (saiba ou relembre aqui).
Conclusão: para empresários de todos os matizes e portes, é como o título daquele livro: "não há dia fácil" nos tempos atuais.
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