Austeridade para sair campeão

O primeiro ano da gestão de Romildo Bolzan como presidentedo Grêmio começou difícil. No discurso da posse, tal como um profeta doapocalipse, o dirigente alertou que a situação financeira que encontrou era tãoalarmante que o clube poderia ‘sucumbir’. ...

O primeiro ano da gestão de Romildo Bolzan como presidentedo Grêmio começou difícil. No discurso da posse, tal como um profeta doapocalipse, o dirigente alertou que a situação financeira que encontrou era tãoalarmante que o clube poderia ‘sucumbir’. Assustados, os torcedores gremistasviram a debandada de alguns dos principais jogadores gremistas, como omeio-campo Zé Roberto e o centroavante Hernán Bárcos e o presidente, um nomeaté então desconhecido nos meios esportivos, não demonstrava a menor intençãoem abrir os raspados cofres, como historicamente agiram seus antecessores.

O resultado disso? O Grêmio encerrou o primeiro turno como o terceiro colocadodo Campeonato Brasileiro e Bolzan está muito confiante em um desfechopositivo das negociações para que o clube assuma a gestão da Arena do Grêmio,inaugurada  em 2012, em uma parceria com a construtora OAS.

Confira a entrevista exclusiva concedida por Romildo Bolzanà Revista AMANHÃ, na concentração para o jogo contra o Joinville, pela 19ªrodada do Campeonato Brasileiro.   

Desde 2004 o Grêmio tem em seus estatutos dispositivospara a formação de conselhos de administração mais puros conceitualmente, comum CEO de alto nível que gerencia todo o clube e se reporta semanalmenteaos conselheiros. Esse modelo está funcionando?

Eu te diria que sim. É que tem vários componentes culturais.Às vezes você não pode exigir de alguém com  responsabilidadeadministrativa, gerencial e corporativa do clube, que se transforme por contade uma questão interna. Há uma questão de mais de 100 anos que as pessoaslevam.  E nós temos que ter respeito a essas culturas. Então tivemos aquiCEO’s, gerentes, pessoas responsáveis do ponto de vista executivo, mas faltavaa rotina do próprio Conselho de Administração. Conosco se estabeleceu a rotinade que semanalmente, segunda-feira às 17 horas, o Conselho se reúne com o CEO ebota todas as rotinas em dia. Sejam matérias pequenas, matérias médias,estratégicas, de alto nível... Tudo passa pelo Conselho de Administração. Onome do técnico, inclusive, passa pelo Conselho. Isso no futebol poderia ser umtabu, a decisão ficaria restrita ao presidente e ao departamento de futebol. Eessa sistemática era parte da cultura do clube, e nós, que não tínhamos acultura do clube, resolvemos fazer o processo inverso: reuniões sistemáticas,valorização de todos os assuntos, e, principalmente, transformar isso emdecisões colegiadas para serem executadas pelo CEO.

O senhor diria que o Roger Machado foi escolhidopelo Conselho de Administração? Isso configuraria uma novidade no mundo dofutebol, porque normalmente a escolha do treinador é uma decisão autocrática dopresidente ou do diretor de futebol...

Nem só autocrática, mas monocrática. Principalmentemonocrática, e com conteúdo de personalidade, {como a indicar que} "aquifoi feita uma escolha pessoal". Não. O nome do Roger foi plenamentedebatido no Conselho de Administração do Grêmio. Embora a proposição fosseminha, eu sugeri o nome dele para debate e os seis membros do conselho deadministração opinaram. E nós chegamos a um consenso, todo mundo avaliavadentro da mesma linha: novidade, competência, capacidade, aposta eprincipalmente a perspectiva de fazer um projeto interno, projeto do clube quemodificava valores culturais. Não tínhamos mais ninguém de fora, tínhamos pessoas que estavam sendopromovidas e ascendendo dentro da escala do Grêmio. Por mérito.  Isso foium processo que passou também pela avaliação do Conselho de Administração epelo departamento de futebol. Às vezes, por incrível que pareça, a gente escutaessa história que decisão em colegiado significa abdicar da decisão, mas não éisso. Tu levas a tua convicção. Meu processo de decisão passa por muitasconsultas: embora eu tenha o meu juízo, eu procuro fazer uma média paraaperfeiçoar o processo de decisão. O conselho de administração foi decisivopara a contratação do Roger. O conselho de administração do Grêmio é opresidente e mais seis. E da reunião participam mais três: o secretário geraldo Conselho, o secretário adjunto, o chefe de gabinete da presidência e o CEO. Ocasionalmente pessoas convidadas. Mas quem temdireito a voto e decisão são os seis conselheiros e o presidente. Então, naverdade, não são 300 conselheiros, o poder legislativo do clube, que é oconselho deliberativo. Ali sim se estabelece a política administrativa degestão, planejamento estratégico... Mas os seis mais o presidente definem apolítica geral do clube.

O senhor chegou a presidência sendo desconhecidopara muitos observadores do futebol, que puseram em dúvida sua condição deliderança. O senhor chegou enfrentando essa desconfiança vinculada à falta deconhecimento que havia e com resultados fracos no início da temporada. Apressão para que o senhor saísse da política de austeridade e abrisse os cofresfoi muito grande. Como foi enfrentar aquele momento?

A eleição do Grêmio aconteceu em outubro e o processode diagnóstico aconteceu até dezembro, quando ocorreu a posse. Eu levei a sérioesse processo. Achei extremamente necessário colocar tudo de ponta-cabeça.Embora tenha sido vice-presidente do conselho de administração na gestãopassada, aquela era uma situação, e a presidência do clube é outra situação. Euresolvi entrar a fundo em todos os diagnósticos. Chamei vários setores do clubee fiz o meu diagnóstico. E o meu diagnóstico eu resumi no discurso daposse:  O Grêmio passará a viver um momento de austeridade sob pena desucumbir. E quando tu determinas um planejamento para a gestão, tu buscasalternativas. Então decidimos pela austeridade, ou seja, o Grêmio vai fazer oenfrentamento de todos os processos de dificuldade, de gastos excessivos.Cuidar da racionalização desses gastos, que não envolveu apenas o elenco dofutebol, mas o clube por inteiro. Com a chegada do CEO fizemos um projeto maisamplo ainda. Para um ano com determinado cenário; para dois anos com um cenáriode mais razoabilidade, com vendas de jogadores; para um cenário de três anoscom menos vendas de jogadores e para um cenário de quatro anos sem nenhumavenda de jogadores, apenas com as receitas contratualizadas. Ou seja, semnenhuma venda de jogadores o Grêmio poderá ao final de quatro anos estarequilibrado do ponto de vista das finanças. Para isso, teria que haver algumasquebras de paradigma. A reestruturação das despesas, o primeiro foco. Hoje oGrêmio já reduziu suas despesas ordinárias em torno de 16%, e trabalhamos naexpectativa do aumento de receitas também. Já realizamos um aumento de 7,5% econtamos ainda com a aquisição da operação da Arena. Esse acreditamos ser omaior fato econômico que vem pela frente para darmos o salto de qualidade nessesentido. Feito esse processo de diagnóstico, nós atualizamos nossa despesa comfutebol. Hoje são R$ 5,2 milhões/mês bruto, ou seja, direitos de imagem,encargos, salários, tudo. E nós estávamos em um patamar muito superior.

A despesa com futebol era o dobro?

Era. A nossa economia já nesse segundo semestre seráde R$ 11 milhões/mês, da folha praticamente, com todas as suas desonerações. Eclaro, o clube já baixou cerca de 10% do seu pessoal e assim vai pela frente.Se nós não tivermos nenhuma receita extraordinária, como vendas de jogadores ououtra situação específica, nós vamos trabalhar em um cenário de quatro anospara buscar o equilíbrio. Nós já estamos projetando o equilíbrio da gestão parao segundo semestre desse ano. No final desse ano, projetamos um equilíbrio degestão. É claro que podemos chegar em dois anos, também, se tivermos receitasextraordinárias. Embora a aquisição da Arena seja uma despesa, o Grêmio terásim muito mais receitas pela perspectiva de triplicarmos o número de sócios epassarmos de um patamar de R$ 4 milhões para R$ 10 milhões. Isso vai nosdar autossuficiência, se nós considerarmos os ativos do futebol que o Grêmiotinha no começo do ano, com as quebras que fizemos e as vendas que fizemos, coma gestão de tirarmos jogadores importantes e ficarmos com jogadores com operfil que nós queríamos. Perfil de grupo, de coletivo, de harmonização. Ogrupo do Grêmio hoje é extremamente uniformizado, compactado, intelectualizado,no sentido de não ter estrelas e compartilhar os resultados. Não é pela dificuldadeemocional do grupo que nós vamos sucumbir. Podemos sucumbir tecnicamente, maspor equilíbrio das pessoas e pela forma como elas se comportam eu poderia tedizer que temos um capital humano muito bom.

O que falta para anunciar a compra da gestão da Arena?

O presidente Koff iniciou este processo. E ele avançouaté quando teve a estatura política e moral para dizer que a Arena não era nossae que ela será adquirida por nós. E montou um processo dessa natureza. É umprocesso em andamento, que está muito sólido e que nas últimas semanas avançoudemais. Falta muito pouco para finalizarmos toda a estruturação do negócio,para as partes interessadas dizerem “ok”.  Cada parte tem o seu interesse,seja OAS, sejam bancos, BNDES... Quem está envolvido. O Grêmio fixou um prazointerno até o dia 30 de agosto, porque muitas respostas ficaram demoradas, paraque as coisas se clareiem. E estamos conseguindo. Quero te dizer com segurançaabsoluta que não demora mais de mês para que o Grêmio anuncie definitivamente acompra da gestão do seu estádio.

O senhor tem isso como compromisso pessoal e político, jáque está colocado como passivo para o Fábio Koff o fato de ter anunciado acompra da Arena na semana da eleição e isso não ter se concretizado, e dee essa crítica ter vindo  a público como sinal  de um “estelionatoeleitoral”? É uma questão de honra anunciar a compra da Arena?

Não só pelo presidente Koff. Quando ele fez o anúncio {dacompra da Arena}, ele tinha elementos para dizer isso. Só que não esperávamos afragilidade empresarial do nosso parceiro, da OAS, hoje em recuperação judicial. Hoje, com oscontatos que temos com os bancos, com a exigência da aceleração do processo,com a identificação das pessoas que estavam no processo de decisão que nãoestavam sendo acionadas, o Grêmio identificou isso: fomos atrás das pessoas etivemos um processo de convencimento direto para que as pessoas tivessemum  conhecimento pleno da situação. Por isso que eu digo que não passade um mês para o Grêmio anunciar, junto com esses parceiros, o esclarecimento de todas essas situações.

A crise financeira da OAS, que levou a empresa auma recuperação judicial, favorece o Grêmio nesse processo de negociação porqueenfraquece o poder de barganha da companhia - que precisa fazer dinheiro. Não éverdade?

Mais ou menos, porque o processo de negociação direta nosparecia mais rápido. Mas um processo que depende de homologação judicial, porconta de credores que se habilitam na recuperação judicial da OAS, acaba noscomplicando. Então {a situação} fragilizou a OAS do ponto de vista empresarial,mas não agiliza a negociação porque passaram a entrar em cena terceirosinteressados. Então temos que ter uma noção muito clara e estratégica de comoenfrentar essas situações. E a solução, a estruturação do negócio jáconcebida entre as partes, leva em conta, também, uma transição.

É bom negócio ser dono da Arena, tendo em vista acomposição de receitas e despesas desse empreendimento?

Não se pode trabalhar simplesmente com a composição dereceitas e despesas, tem que trabalhar com o componente do que isso gera para oclube. O clube tem um comportamento empresarial, comportamento de resultados,mas também um comportamento emocional. Na medida em que tu apaixonas, efidelizas mais pessoas a contribuírem com esse processo, isso vai muito maisrápido. Por isso eu digo: nosso grande negócio não é simplesmente vender todosos camarotes, criar as melhores condições de bilheteria, criar as condições deautoestima. Nosso negócio é fidelizar um grande número de associados, que dãoperenidade financeira ao clube. E o nosso projeto está voltado para uma novareformulação do quadro de sócios. O nosso objetivo é sair do patamar de R$ 4milhões para R$ 10 milhões por mês. Este é o principal fundamento de todo oprocesso: fidelizar, apaixonar o torcedor do Grêmio  e tornar cada vezmais vinculado o torcedor do Grêmio.

Há rumores de que o Grêmio já concluiu a negociação pravenda dos naming rights da Arena. Isso procede?

Não, não procede. O Grêmio contratou uma empresa paratrabalhar o plano de negócio da Arena a partir da sua gestão, e essa questãoestá sendo construída, e os nossos parceiros, sim, é que têm estratégias paratudo isso, É para quem nós estamos nos reportando, é em quem estamos buscandoessa consultoria, esse planejamento todo para desenvolvimento da potencialidadeplena da questão econômica e financeira da Arena. Temos parceiros pra isso. Maseu te diria que isso é um projeto e não é uma segurança de que as coisas vãoacontecer. Vem com o tempo.

O Grêmio abandonou aquela proposta que o senhor lançou dereintroduzir as finais no Campeonato Brasileiro?

Não, não abandonou, ao contrário. O Grêmio tem um projetoescrito sobre isso, o Grêmio tem uma metodologia feita a partir disso, e oGrêmio já se aprofundou nessas questões. Tanto é que o Grêmio é um dos cincoclubes brasileiros da série A que constituem o comitê técnico da CBF,juntamente com dois clubes da série B, um da série C e um da série D,totalizando nove integrantes. Esse comitê técnico tem autonomia para definiressas questões.

Da série A, quem está junto com o Grêmio nestecomitê técnico da CBF?
São Grêmio, Fluminense, Atlético-MG, Atlético-PR eCorinthians. Esses clubes têm a maioria e definirão exatamente as questões deorganização do campeonato, modelo de gestão, fórmulas e tudo mais. OGrêmio tem uma fórmula que efetivamente remete para um playoff final.

Seria o campeão do primeiro turno contra o campeão dosegundo turno?

Como eu não coloquei lá dentro ainda...  essa fórmulapassa por isso. Acho que  quanto mais a gente conseguir contemplarcritérios de possibilidades de recuperação dentro da competição, possibilidadede buscar essa auto- recuperação e possibilidade também de premiar umdesempenho de melhores times por conta do campeonato e desfazer toda umafinalística, eu acho que esse é o melhor critério que tem.

A fórmula de divisão das receitas oriundas doscontratos de TV lhe causa indignação ou inconformidade?

Não me causa indignação, mas me causa preocupação porconta do desequilíbrio. Não podemos privilegiar clubes por conta desituações de torcida, por conta de critérios mercadológicos simplesmente eachar que estamos contemplando o financiamento mais rico do futebol brasileiro.Se nós ficarmos só nisso, vamos virar rigorosamente uma Espanha... Então,para mim, não dá. Eu defendo um critério que passa pela questão mercadológica,mas que passa também pelos critérios técnicos e que passa também peloscritérios de competitividade nas questões de melhor desempenho. Por exemplo, oGrêmio, por muito tempo, foi o primeiro do ranking brasileiro. Que mérito tevecom isso? O Grêmio levou cento e tantos anos para criar um mérito esportivo dealta performance,  de ser campeoníssimo... Mas chega na hora dofinanciamento da repartição das receitas, embora todo o seu mérito existente, oúnico critério que se leva é o critério mercadológico!  É justo? Não éjusto. Então o Grêmio quer compartilhar todos esses resultados e criar umranking por conta disso. Quer dizer, considerar quem tem melhor desempenho doponto de vista do critério mercadológico, quem tem melhor desempenho pontuadopelo critério esportivo, quem tenha todo um processo que possa ser justo na formaçãodisso. E o que mais me preocupa nesse processo é exatamente a questão doequilíbrio técnico. Eu não posso colocar times lá em cima e timeslá embaixo sem nunca ter a perspectiva de crescimento daqueles por conta de umequilíbrio técnico financeiro. Competência técnica às vezes um time com poucorecurso consegue. O Grêmio nesse momento, por exemplo, com todas as dificuldadesfinanceiras, está competindo em alto nível.  Então o que nós estamosprogramando e planejando é podermos equilibrar as receitas dos clubes, que se financie de uma maneira mais equitativa, de modo que todo mundotenha perspectiva de disputar um campeonato relativamente equilibrado. Então ofinanciamento de televisão não deve estar rigorosamente voltado para critériomeramente mercadológico, mas também, para mim, para um critério rigorosamentetambém técnico. E acho que isso tem que ser colocado com muita força nessedebate que vamos fazer lá no comitê técnico da CBF.

Como foi  selecionado e de onde veio o CEO do Grêmioda sua gestão?

Nós tínhamos quatro currículos. Entrevistamos praticamenteos quatro, e então...

Quatro currículos indicados politicamente?

Não, indicados por pessoas que poderiam ser avaliadas.Alguns se apresentaram por conta própria e, alguns, outras pessoas indicaram.Fizemos consultas e fizemos também avaliações  pessoais, e o escolhido foientrevistado pessoalmente por todo  conselho de administração: eu, comopresidente, mais seis vice-presidentes. E optamos pelo Gustavo Zanchi, que é egressodo Grupo Tigre, da Tubos e Conexões Tigre, de Joinville. Nunca tinhaparticipado de nenhum clube de futebol, nunca teve gestão de futebol. Emboraseja gaúcho e gremista, ele nunca teve nenhuma vivência interna em gestão declubes. E conosco ele veio pra cá e eu quero te dizer que é uma gratasatisfação, é uma pessoa que simplificou os nossos processos  de decisão.Ele ajustou, organizou, sistematizou. Ele nos dá os cenários e nos ajuda muitoa decidir do ponto de vista político. Ele executa com muita competência eperfeição as questões que o conselho de administração encaminha. Então esseprocesso foi impessoal e de pleno mérito. Não tem ninguém que escolheu ele porconta de vínculos do esporte. Ao contrário, é uma pessoa que não tinha nenhumvínculo, nenhum clube na sua vida inteira profissional, e veio para cá e ajudoua sistematizar exatamente todas essas planificações que o Grêmio tem hoje eque, como eu disse, pode levar de um a quatro anos, mas nós vamos conseguir oequilíbrio nesse período.

A gestão implantada no Grêmio passa a ser observada forado Sul. O que o modelo seguido pelo Grêmio tem a ensinar a outros clubes, emtermos do que fazer e do que não fazer, no campo da gestão?

Primeiro lugar, austeridade. Segundo lugar, não desenvolverum processo autofágico politicamente, no plano interno. Um processo de oposiçãoé um processo que pode existir, mas não tem que ser um processo autofágico deabsoluta destruição de quem não está no poder. Um processo de colaboraçãorecíproco de todos os lados, um processo de gestão em que não pode havervacilações. Se eu tenho no meio do caminho processos diferentes, processos quepossam ser, às vezes, contraditórios ou de fáceis respostas com outros métodos,não vacile. Mantenha o seu método. Pode tergiversar uma ou outra coisinha masnão perca teu destino final, teu raciocínio final, tua estratégia final, porque daí tu vais comprometer todo o projeto. Quer dizer, no momento em que tudesacreditares daquilo que tu concebeste, tu vais criar uma situação de extremadificuldade pra ti mesmo e fragilizar o projeto. O Grêmio fez um projeto nomomento mais duro: todo mundo queria contratar, o Grêmio mesmo assim nãocontratou. Quando todo mundo achava que o plantel do Grêmio era fraco mesmoassim o Grêmio não saiu às compras adoidadamente. O Grêmio tinha convicção queo que tinha na mão podia dar resultado e resolveu privilegiar os métodos, osconceitos, os valores e as pessoas sobre isso. E depois que esse processocomeçou a dar certo, o que nós fizemos? Nós valorizamos as pessoas que deramcerto, porque o Grêmio começou a adquirir mais direitos federativos, maisdireitos econômicos. O Grêmio valorizou salários. O Grêmio,  no momento emque os resultados começaram a acontecer, valorizou as  pessoas que fizeramo processo acontecer. Então não desvirtue, não tergiverse, e acima de tudo nãoclaudique em cima das situações quando tu tens convencimento que elas estão nocaminho correto. Persevere. Eu acho que o que mais serve para nós nesse momentoé a perseverança de um projeto que tem no fundo austeridade, mas também envolveum projeto cultural do Grêmio que sempre deu certo.

Envolve treinar a torcida?

E tem que justificar permanentemente diante da torcida. Fundamentalmente, todas as justificações tem que cair no ouvido da torcida e tem que soar comomúsica boa, porque se a torcida não entende isso como uma música boa, complicabastante o jogo. Isso torna os processos mais difíceis. Eu acho que o processode clube passa muito por justificação e pela capacidade de dizer para aspessoas, de convencê-las, que o caminho que tu estás cercando, e por onde tuestás caminhando, está correto. 

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Sábado, 14 Dezembro 2024

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