A inteligência artificial é a nova eletricidade

Há um século, o mundo se recuperava da Gripe Espanhola e comemorava a descoberta da eletricidade. Agora, a humanidade deixa para trás a Covid-19 e acolhe a IA
No futuro, o objetivo da Amazon é que ela consiga entende o que o usuário está fazendo e se antecipe, para entregar um produto antes mesmo dele saber que precisa

Não é mais uma previsão: a tecnologia já está se fundindo com a economia. O que acontece de um lado do mundo não demora a chegar – e a impactar – no outro, fenômeno que tende a aumentar ainda mais com a chegada do 5G. Mas, apesar de toda essa conectividade, o governo ainda analisa a economia, em grande parte, partindo de pressupostos. No mundo industrial, não há uma entidade que entenda a economia como um todo, e sim vários órgãos separados, que ainda assim não conseguem compreender o consumidor. Quando se traz isso para uma orquestração centralizada, onde se capturam dados em tempo real, a situação muda. O Pix, por exemplo, faz com que informações cheguem de maneira centralizada ao Banco Central, que passa a ter a capacidade de analisar informações utilizando inteligência artificial e enxergar o cenário econômico. Foram a essas conclusões que chegou o founder, tech advisor e professor de IA e Exonomics da Singularity, Eduardo Ibrahim, durante webinar Futuros Possíveis, coordenado pelo titular do blog Mindset Digital do Portal AMANHÃ, Ademir Piccoli na manhã desta terça-feira (26).

A inteligência artificial abre inúmeras portas, sendo uma camada de informações que permite o avanço de modelos preditivos, mas que também muda a forma como se enxerga esses modelos. "A IA. permite entender cidadão e usuário e determinar políticas, modelos que, sem ela, não teríamos condições de fazer. Nosso pensamento econômico é abstrato, mas com a inteligência artificial não há modelo. Ela ajusta a economia ou o sistema em que atua de acordo com o objetivo", explica Ibrahim, garantindo que a sociedade está prestes a experienciar uma quebra de paradigma que vai de encontro com o modelo industrial vigente atualmente. "Por isso as empresas de tecnologia hoje em dia entendem muito mais o que está acontecendo na economia do que o governo, porque mudam a forma de fazer a economia. Através de dados e hiperconectividade, temos uma captação massiva de dados que o modelo econômico tradicional não tem. Ele estava acostumado com incertezas, previsões, por não saber como os agentes iriam se comportar", argumenta.

É um modelo que já foi adotado por empresas de grande sucesso, como a Amazon, que vem criando plataformas e ecossistemas para que, num sistema de competição entre fornecedores, a rede como um todo se torne extremamente eficiente. "No futuro, o objetivo da Amazon é que ela consiga entende o que o usuário está fazendo e se antecipe, para entregar um produto antes mesmo dele saber que precisa. Um dia vai chegar um produto na sua casa e você vai poder comprar ou não se quiser, pois a Amazon já vai ter entendido o consumidor de maneira com que o modelo de negócios parta do agente para a rede", Ibrahim prevê. O professor da Singularity compara esses avanços com a maneira com que o PIB ainda é medido no Brasil, sem capturar o efeito da inovação e disrupção do mercado, que geram efeitos de deslocamento simultâneo e positivos da curva de oferta e demanda. Economistas não conseguem captar esses movimentos, que são ainda mais aprofundados pela inovação. "Quando estamos focados em políticas públicas ou estratégias corporativas, não conseguimos acompanhar isso, e o mundo cresce e ficamos para trás. É esse o foco que tentamos dar na economia exponencial. Não é uma discussão restrita à tecnologia propriamente dita, ela tem que se estender para toda a sociedade e todas as empresas", explica. Para ele, as lideranças precisam ser tocadas por esse novo modelo de pensamento para garantir que a década de 2020 será próspera para o Brasil assim como está programada para ser para o resto do mundo.

Vários paralelos podem ser feitos com a situação mundial de um século atrás. Em 1920, o mundo saía de outra pandemia, da Gripe Espanhola, e começava a proliferar a eletricidade, que proporcionou que vários negócios surgissem. Agora, a humanidade sai da crise criada pela Covid-19, e, para Ibrahim, a inteligência artificial é a nova eletricidade. "Ela vai entrar em todas as esferas de negócios para fazer tudo com uma camada de inteligência que não tínhamos antes. Não vão existir empresas no futuro que não usem inteligência artificial, ela vai estar inserida no nosso cotidiano. O país que não acompanhar esse desenvolvimento agora vai ter um grande impacto negativo", antecipa.

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Quinta, 12 Dezembro 2024

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