Coronabusiness
O que se faz no momento em que quase nada se pode fazer? Nem Jack Welch nem Peter Drucker viveram a tempo de enfrentar, como executivos, consultores ou meros palpiteiros, o que empresas do mundo todo enfrentam no momento. As companhias mal podem abrir suas portas, quando podem; mal podem vender o que têm, quando têm; e mal podem prestar seus serviços, por falta de pessoal ou de clientes.
Como em qualquer situação emergencial, as decisões são tomadas com pouca informação, muita dúvida e alguma cautela – a ponto de não ser disparatado cogitar, ao menos agora, se tamanha paralisação da vida normal não vai nos deixar "falidos antes de falecidos", como disse um empresário ao jornalista Alexandre Garcia (ou como manifestou publicitário Roberto Justus em áudio polêmico).
De todo modo, agora não adianta lamentar. Resta-nos apenas analisar o que vêm fazendo empresas e consumidores em situação tão insólita. Comecemos pelo lado da oferta.
– Numa hora como essa, planos estratégicos dão lugar ao cuidado com a operação, como ressaltou o CEO da rede de farmácias Droga Raia (aqui, para assinantes). O importante é garantir o funcionamento das lojas, seu abastecimento e a manutenção do atendimento.
– Nada muito diferente de outros ramos varejistas, envoltos com uma demanda muito acima do normal, em função do pânico provocado à medida que mais casos da doença eram confirmados por aqui.
– Quem depende de terceiros de menor porte para fazer seu negócio funcionar, precisa ajudá-los a sobreviver neste momento, como bem percebeu o iFood. Ecossistemas de negócio são assim: exigem que o centro do sistema tenha certo desprendimento, de vez em quando, para que sua operação não vá a pique junto com a dos demais.
– Se alguém ainda procura entender o significado de palavras como "capacitações" e "sinergia", pode tomar os casos de fabricantes de algumas áreas que estão sendo convidados (quando não convocados) a emprestar seu expertise para coisas bem diferentes daquilo que costumam fazer – e bem mais urgentes: leia aqui e também aqui.
– Marketing numa hora dessas? E por que não? Basta sensibilidade e humor. A mudança de logomarca do Mercado Livre, a cena histórica do Cascão lavando as mãos (reprodução) ou mesmo recado das editoras ao seu concorrente mais forte no momento são exemplos bem-sucedidos ("Desculpe, Netflix. Se é para ficar em casa,eu prefiro livros", dizia a frase).
– Tanto quanto os "serviços de utilidade pública" prestados por academias de ginástica, com vídeos de aulas, artistas em shows via lives, humoristas com rondas de conscientização e até padres menos ortodoxos, dispostos a ir aonde o pecador está.
Agora, o lado da demanda.
– Pois é, só que o mesmo consumidor, cheio de solidariedade, vinha oferecendo lições de egoísmo ao transformar papel higiênico em objeto de desejo nos dias pré-apocalipse. Só Freud explica aqui e aqui.
– Enquanto isso, os departamentos de marketing, atentos aos sinais, já repensavam seus investimentos em comunicação – falar do que, se ninguém prestará atenção?
– E como até um relógio parado está certo duas vezes ao dia, paranoicos de todos os matizes encontram enfim seu momento de glória e justificação – aquele do famoso "eu não disse?". Veja aqui e também aqui.
Para terminar, unindo oferta e procura, fica a pergunta: o que as pessoas farão em casa durante a quarentena? Segue a provável resposta neste link.
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