Montadoras estudam interromper produção
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) afirmou nesta sexta-feira (6) que há risco de as montadoras paralisarem as atividades em decorrência do surto de coronavírus, já no final de março. O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes falou do impacto da epidemia para o setor automobilístico, lembrando que a China é o principal fornecedor de autopeças para o Brasil. "Em tese, temos estoque para continuar produzindo pelas próximas semanas, mas também quero dizer que temos risco", disse Moraes, de modo enfático, acrescentando que não adota um "tom alarmista", mas um "tom de realidade", para estimular as montadoras a se prepararem para tomar medidas, caso seja necessário.
"Todas as alternativas estão sendo consideradas. Então, a mensagem é a seguinte, o risco existe. Por enquanto, não vamos ter nenhum problema, agora, mas existe um risco não generalizado que pode afetar montadoras, umas com um risco um pouco maior do que outras, pelas suas características. Em função de seu fluxo de importação, [o grau de risco e efetivo impacto] pode ser diferente. Então, a mensagem é a seguinte: existe risco, sim, e estamos monitorando", revelou.
Moraes defendeu que o governo federal adote medidas para estimular o crescimento da indústria automobilística. Uma das sugestões é a redução da incidência da carga tributária sobre o financiamento de veículos. "O sistema tributário do Brasil destrói negócios", enfatizou. Ele apresentou um cálculo que mostra que, com o dólar em torno de R$ 4,60, o custo adicional estimado para o setor automobilístico, este ano, será de R$ 8 bilhões. Segundo o presidente da Anfavea, nesse cenário, para cobrir a quantia, a indústria acrescenta R$ 2,6 mil ao valor de cada veículo produzido, o que pesa ainda mais no bolso do consumidor. "A volatilidade no câmbio é uma coisa que a Anfavea acredita que tem de ser administrada. Alguma coisa precisa ser feita", defendeu.
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