PR anuncia medidas para conter surto de coronavírus

Comitê de gestão de crise definirá plano de ação

Em decreto emitido na quarta-feira (18) o governo paranaense suspendeu o transporte coletivo rodoviário de passageiros entre estados. A proibição começa a valer nesta sexta-feira (20) e se estende inicialmente por 14 dias, podendo ser prorrogada. A medida bane viagens de ônibus com origem em todos os estados do país e do Distrito Federal. "É uma precaução da nossa parte para evitar que portadores da doença fiquem entrando e saindo do Paraná", explicou o governador Ratinho Junior. Santa Catarina e Rio Grande do Sul já anunciaram decretos de calamidade pública ou de emergência, porém o Paraná ainda não decidiu se tomará a mesma providência.

Além disso, os documentos emitidos incluem a criação de um comitê de gestão de crise para o Covid-19, que vai definir um plano de ação, prevenção e contingência em resposta à pandemia, a suspensão dos deslocamentos e viagens a trabalho dos servidores estaduais, o estabelecimento de critérios para habilitação de laboratórios para fazer os testes da doença e a determinação para que o Procon-PR fiscalize práticas abusivas quanto aos preços de produtos sanitários e de profilaxia. Ratinho Junior voltou a pedir solidariedade e compreensão por parte da população paranaense. Reforçou que não é necessário uma corrida desenfreada aos supermercados por que o Paraná está bem servido em relação ao estoque de alimentos, com as indústrias instaladas no Estado mantendo o nível normal de produção.

Providências
Uma resolução conjunta das secretarias da Saúde, Segurança Pública e Agricultura e Abastecimento vai regulamentar a interrupção do trânsito das linhas interestaduais. Entre as ações está prevista a implantação de postos de monitoramento das fronteiras, portos, aeroportos e rodoviárias estaduais. A normativa estabelece que a tripulação e os passageiros oriundos de embarcações estrangeiras que desembarquem nos portos e aeroportos paranaenses possam ser abordados por agentes públicos para a averiguação das condições de saúde. O decreto permite também a cooperação de agentes militares federais e guardas municipais no monitoramento dos espaços. A Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar) ficará encarregada de desenvolver um aplicativo que permita o monitoramento de todas as medidas que compõe o plano de ações contra o coronavírus no Paraná. Ratinho Junior afirmou também que o Estado está solicitando para as autoridades aeroviárias federais a restrição de voos com partidas de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Distrito Federal.

O secretário de Saúde do estado, Beto Preto afirmou que o Paraná começará a realizar testes do Covid-19 em pacientes internados por síndromes respiratórias graves com caráter inconclusivo em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de todo o Estado. Outra medida adotada é em relação ao Sentinela, sistema que faz o controle da circulação dos vírus. "A vigilância Sentinela vai incluir os casos de Covid-19 nas síndromes gripais investigadas. Será onde já houve caso positivo para o coronavírus. Temos uma coleta aleatória em 51 pontos do Estado e começamos com os oito lugares de coleta em Curitiba. Isso vai nos ajudar a detectar transmissão local que ainda não tenha sido detectada", detalhou Preto.

Outro decreto também normatiza o cadastramento dos laboratórios privados no Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública (SISLAB). A partir do texto, a Secretaria da Saúde passa a adotar uma nova metodologia para os resultados, seguindo a orientação do Ministério da Saúde. Não será mais exigida a contraprova pelo Laboratório Central do Estado (Lacen), desde que o laboratório privado que realizou ou realizará o teste esteja credenciado. Uma vez habilitado, o laboratório privado se compromete a informar diariamente ao Centro de Informações Estratégicas e Respostas de Vigilância em Saúde do Estado do Paraná (CIEVS) os dados dos exames, inclusive dos casos suspeitos. Amostras de casos graves e ocorrências de óbitos devem ser enviadas ao Lacen imediatamente. O protocolo estabelecido anteriormente pelo Ministério de Saúde era de que os exames passassem obrigatoriamente pelos laboratórios de cada Estado, mesmo que já realizados por instituições privadas. Ou seja, ainda que um laboratório particular testasse positivo para o Covid-19, era necessário o envio de uma amostra do paciente para o Lacen. O Lacen-PR continuará fazendo os testes para o público em geral.

A Secretaria de Estado da Saúde confirmou mais dois casos de coronavírus no Paraná, um em Foz do Iguaçu e outro em Maringá, chegando a 14 em todo Estado. Os exames foram feitos no Laboratório Central do Paraná (Lacen/PR). Foram descartados 36, totalizando 119 descartes. Atualmente há 67 suspeitos. Entre as confirmações, oito são em Curitiba, dois em Cianorte e um em Maringá, Londrina, Foz do Iguaçu e Campo Largo. Na tarde desta quinta-feira o governo estadual atualizará os dados.

*Com reportagem de Valentina Gindri

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