Döhler: da fazenda à prateleira

Primeira toalha de algodão rastreável do Brasil lançada pela Döhler em parceria com a Abrapa e o movimento Sou de Algodão incentiva o consumo responsável

Em sua trajetória centenária, a companhia têxtil catarinense Döhler foi testemunha ocular da cultura do algodão, considerada responsável e sustentável, já que, além da adoção de melhores práticas agrícolas e trabalhistas, a fibra é renovável e biodegradável. Parte dessa jornada se deve ao Algodão Brasileiro Responsável (SouABR), programa idealizado em 2012 pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que é a certificação socioambiental da planta no país. Os produtores aderem voluntariamente se comprometendo em atender 183 itens, entre eles boas práticas agrícolas e de beneficiamento, uso inteligente da água, do solo e dos recursos energéticos, proibição de trabalho infantil e de trabalho análogo ao escravo ou em condições degradantes.

"A empresa, que já adotava critérios de compra do melhor algodão, passou a adquirir somente algodão certificado ABR. Conhecemos a SouABR em 2023 e aderimos ao programa. Fizemos algumas adequações nos processos produtivos e em agosto do ano passado lançamos a Marrocos, primeira toalha de algodão rastreável do Brasil", recorda Hércules Farias, superintendente comercial da Döhler. O programa SouABR permite que o consumidor conheça a jornada completa da peça – da fazenda à prateleira – por meio de um QRCode na etiqueta do produto. Em cada etapa do processo dados são inseridos em uma plataforma que usa a tecnologia blockchain para impedir qualquer alteração das informações.

A companhia de Joinville teve um trabalho inicial para fazer a integração dos dados com a plataforma da Abrapa. Depois, os dados de produção da Döhler passaram a "conversar" com a plataforma integrando os dois sistemas. Com isso, o consumidor que comprar a Marrocos consegue saber em quais fazendas foi colhido o algodão de sua toalha, sabe onde fica a fiação onde foi produzido o fio, passando pela tecelagem, acabamento, confecção até o varejo. "O objetivo é fazer com que cada pessoa que leva para casa uma toalha de algodão rastreável se sinta parte de uma rede que valoriza o meio ambiente, respeita as pessoas e aposta em um futuro mais consciente", destaca Farias.

Até hoje, a Döhler fabricou 181.962 toalhas da linha Marrocos, sendo 109.762 de banho e 72.200 de rosto, sendo que já comercializou mais de 174 mil peças. Neste ano, a projeção é vender 120 mil itens. Antes mesmo do lançamento oficial da toalha, a Döhler já havia feito uma pré-venda de 30 mil unidades para a Riachuelo, que conta com espaço de gôndola dedicado aos produtos sustentáveis. "Os números atestam o sucesso da iniciativa: das 30 mil peças cotadas inicialmente hoje já são perto de 200 mil toalhas fabricadas", comemora Farias.

A Döhler mantém parcerias estratégicas que possibilitam novos projetos, como com a multinacional Unifi, detentora da marca Repreve, uma fibra sustentável de alta performance e também certificada. Ainda em 2023 as duas empresas conseguiram colocar no mercado a primeira cortina de fitos de PET do Brasil. Garrafas plásticas que seriam jogadas em aterros sanitários se transformaram em fios de poliéster reciclados que se tornaram tecido que compõe a cortina. No total, mais de 654 mil garrafas plásticas já foram usadas. A empresa catarinense usa, ainda, aparas de retalhos de tecidos de algodão que seriam descartados. Eles voltam para a cadeia produtiva, são desfibrados e transformados em fios novamente e são utilizados na fabricação da cortina Taís que tem 73% de fibra recuperada em sua composição.

A têxtil joinvilense pretende impulsionar ainda mais a inovação. Uma dessas molas propulsoras será o aporte de R$ 128,9 milhões que a companhia obteve em 2024 por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O valor, a ser aplicado totalmente até o ano que vem, terá boa parte direcionada para o Plano Estratégico de Inovação (PEI) da Döhler, projeto voltado à pesquisa, desenvolvimento de novas linhas de produtos e melhorias de processos por meio do emprego de novas tecnologias e reaproveitamento de recursos.

"Pretendemos, com o PEI, introduzir a empresa em novos segmentos até o momento inexplorados, consequentemente atingindo novos mercados e ampliando seu portifólio de produtos, além da nacionalização de processos produtivos", antecipa o superintendente comercial. 


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Sexta, 22 Agosto 2025

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