Juros médios dos bancos caem para 44,6% ao ano

Cartão de crédito rotativo tem, em junho, juros de 437,3% ao ano
Para pessoas físicas, as taxas do cartão de crédito tiveram redução de 1,8 ponto percentual no mês, mas com alta de 25,5 pontos percentuais em 12 meses, alcançando 104,2% ao ano

Pela primeira vez no ano, a taxa média de juros das concessões de crédito livre teve queda e passou de 45,4% para 44,6% ao ano em junho, redução de 0,8 ponto percentual no mês. Em 12 meses, entretanto, a alta nos juros médios é de 5,6 pontos percentuais, segundo a publicação Estatísticas Monetárias e de Crédito, divulgada pelo Banco Central (BC). Nas novas contratações para empresas, a taxa média do crédito ficou em 23,1% ao ano. Nas contratações com as famílias, a taxa média de juros atingiu 59,1%. No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado [que tem regras definidas pelo governo] é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.

Juros
O comportamento dos juros bancários médios ocorre em um momento em que a expectativa do mercado financeiro é de redução da taxa básica de juros da economia, a Selic. Ela está em seu maior nível desde janeiro de 2017 [13,75% ao ano] e foi definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Em março de 2021, o BC iniciou um ciclo de aperto monetário, em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Na semana que vem, nos dias 1º e 2 de agosto, o Copom realiza a quinta reunião do ano para definir a Selic e o mercado espera uma redução de, pelo menos, 0,25 ponto percentual. Até o fim do ano a previsão é que a Selic caia para 12%.

Com isso, a taxa de captação dos bancos [o quanto é pago pelo crédito] vem recuando. Desde abril, ela está em queda e ficou em 11,5% em junho. A Selic é o principal instrumento usado pelo BC para alcançar a meta de inflação. Em junho, houve deflação no país, ou seja, um recuo nos preços na comparação com maio. O IPCA [a inflação oficial do país] ficou negativo em 0,08%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o quarto mês seguido em que a inflação perdeu força. Em maio, o IPCA foi de 0,23%. No ano, o índice soma 2,87% e, nos últimos 12 meses, 3,16%, abaixo dos 3,94% observados nos 12 meses imediatamente anteriores e seguindo a tendência de queda apresentada desde junho de 2022, quando o índice estava em 11,89%.

Com a inflação em baixa, a decisão de manutenção da Selic é alvo de críticas do governo federal, já que os efeitos do aperto monetário são sentidos no encarecimento do crédito e na desaceleração da economia. A ata da última reunião do Copom, em junho, informa que a "avaliação predominante" manifestada pelos integrantes do colegiado foi de uma expectativa de maior confiança para uma queda da taxa de juros a partir de agosto. A elevação da taxa básica ajuda a controlar a inflação porque causa de reflexos nos preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, contendo a demanda aquecida.

Cartão de crédito
Para pessoas físicas, as taxas do cartão de crédito tiveram redução de 1,8 ponto percentual no mês, mas com alta de 25,5 pontos percentuais em 12 meses, alcançando 104,2% ao ano. No crédito rotativo [tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão e dura 30 dias] houve queda de 16,7 pontos percentuais de maio para junho e aumento de 66,9 pontos percentuais em 12 meses, indo para 437,3% ao ano. Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida. Nesse caso do cartão parcelado, os juros subiram 1,9 ponto percentual no mês e registraram alta de 22,9 pontos percentuais em 12 meses, indo para 196,1% ao ano.

Com Agência Brasil

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