Confiança do comerciante cai ao nível da pandemia

Quase metade dos varejistas projeta piora da economia, maior percentual desde 2020
O quadro reflete a combinação de juros ainda elevados e consumidores mais cautelosos

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) recuou 5,0% em setembro, na comparação com agosto, e atingiu 97,2 pontos – abaixo da linha dos 100 pontos que separa otimismo de pessimismo. É a primeira vez desde maio de 2021 que o indicador retorna a esse patamar, sinalizando um ambiente de cautela semelhante ao observado nos primeiros meses da pandemia de Covid-19. Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), todos os componentes do índice apresentaram retração, com destaque para as expectativas dos empresários, que caíram 7,0% em relação ao mês anterior. Os investimentos também recuaram, ainda que em menor intensidade (-2,6%).

Na comparação com setembro de 2024, a queda foi ainda mais intensa (-10,3%), a maior desde dezembro do ano passado. O principal fator foi a percepção negativa sobre as condições atuais da economia, que recuaram 21,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Outro dado que chama a atenção é que 46% dos varejistas apontaram expectativa de piora da economia em setembro — o maior percentual desde julho de 2020 (49,2%). Apesar disso, os que projetam melhora ainda permanecem como maioria, mas o equilíbrio do indicador reforça o ambiente de incerteza.

O setor de bens duráveis, como eletrodomésticos, móveis, material de construção e veículos, apresentou retração de 13,7% em setembro, na comparação anual. Já entre os bens não duráveis, supermercados, farmácias e lojas de cosméticos lideraram o pessimismo, com queda de 10,2% na percepção atual e de 8,5% nas expectativas, registrando o menor indicador entre os segmentos (113,4 pontos). Para o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, o quadro reflete a combinação de juros ainda elevados e consumidores mais cautelosos. "A taxa Selic em patamar alto desestimula os investimentos, ao mesmo tempo em que o enfraquecimento do mercado de trabalho e a redução da intenção de consumo das famílias freiam o comércio. Não por acaso, a intenção de contratação de funcionários foi o subitem com maior queda em setembro", explicou.

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Terça, 30 Setembro 2025

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