Transição para economia de baixo carbono pode adicionar até R$ 465 bilhões ao PIB brasileiro

Estudo lançado pelo Itaú e pela FGV prevê a geração de 1,9 milhão de empregos
Cada R$ 1 investido em energia renovável pode gerar até R$ 1,57 de retorno na economia

A expansão das fontes renováveis de energia pode mobilizar R$ 295 bilhões em investimentos e gerar um impacto positivo de R$ 337 bilhões a R$ 465 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) até 2035. As conclusões fazem parte do estudo "Benefícios da Transição para uma Economia de Baixo Carbono", elaborado pelo Itaú Unibanco em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O levantamento, desenvolvido pela equipe técnica da FGV, demonstra como o Brasil pode transformar os desafios da descarbonização em oportunidades concretas de crescimento econômico, inovação e geração de empregos. Entre os impactos, está a criação de 1,2 milhão a 1,9 milhão de empregos no período, o equivalente a 4% do PIB de um ano e 4,1% do estoque de emprego formal do ano passado. Cada R$ 1 investido em energia renovável pode gerar até R$ 1,57 de retorno na economia, com destaque para a geração de empregos qualificados e o fortalecimento de fornecedores nacionais.

Os setores de energia e agropecuária apresentam potenciais de ganhos. No caso das energias renováveis, cada US$ 1 milhão investido pode gerar até 25 empregos diretos e indiretos, com efeitos positivos sobre fornecedores nacionais e economias regionais. Já na agricultura, soluções de adaptação tecnológica – como sementes mais resistentes e ampliação de técnicas de agricultura de precisão – podem evitar perdas econômicas de até R$ 61 bilhões por ano nas principais culturas do país.

Brasil em posição estratégica
O Brasil, segundo o estudo, é uma das economias mais bem posicionadas do mundo para liderar a transição para o baixo carbono, com 88% da matriz elétrica proveniente de fontes renováveis (hidrelétrica, eólica, solar e biomassa) e forte base agroambiental. Essas condições estruturais permitem que o país amplie a independência energética, reduza riscos climáticos e fortaleça setores de alto potencial competitivo, como energia, transporte, agropecuária, siderurgia e construção civil.

De acordo com a FGV, a descarbonização pode aumentar a segurança energética nacional, reduzir custos operacionais, ampliar o acesso a capitais sustentáveis e gerar empregos qualificados. O estudo também ressalta que a transição energética e o uso sustentável do solo são vetores complementares da transição econômica, capazes de fortalecer a bioeconomia e o desenvolvimento regional, sobretudo nas regiões Norte e Centro-Oeste. "Ao reunir dados detalhados, análises empíricas e simulações econômicas, o estudo demonstra que a agenda climática de mitigação e adaptação deve ser encarada como um caminho estratégico para impulsionar a prosperidade do Brasil, gerando benefícios concretos para a sociedade e para o desenvolvimento sustentável do país", destaca Daniel da Mata, coordenador do estudo e professor da FGV.

Na esfera agrícola, a adoção de sistemas integrados, como a Integração da Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) – que combina culturas agrícolas, criação de animais e espécies arbóreas em rotação ou consórcio –, aumenta a produtividade, sequestra carbono no solo e na biomassa, reduz emissões e melhora a resiliência do sistema produtivo. "Nosso papel é viabilizar financeiramente a transição, conectando o setor produtivo à nova economia de baixo carbono. Queremos catalisar o desenvolvimento de soluções que unam crescimento econômico, inovação e sustentabilidade", conclui Luciana Nicola, diretora de relações institucionais e sustentabilidade do Itaú Unibanco.

Metodologia do estudo
Para medir os efeitos da mitigação, a FGV analisou o setor de energia renovável, utilizando dados do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2034 e 2035) e estimativas de investimentos em solar, eólica, biomassa e biocombustíveis. O modelo indicou que cada real investido nesses setores gera entre R$ 1,14 e R$ 1,57 de retorno na economia, com alta intensidade de geração de empregos e participação de fornecedores nacionais. Já os efeitos de adaptação foram avaliados no setor agrícola, a partir de modelagens econométricas de dados em painel que relacionam produtividade das culturas (como milho, soja, arroz e café) às projeções de temperatura.

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Terça, 18 Novembro 2025

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