Uma borboleta chamada Ozempic...
Uma borboleta bate as asas no Brasil e um furacão se forma nos Estados Unidos. Exemplo clássico (e já meio batido) da Teoria do Caos, que descreve a possibilidade de grandes efeitos serem provocados por pequenos movimentos, ele bem que poderia ter uma versão no mundo dos negócios.
Acompanhe: uma companhia farmacêutica desenvolve uma inocente droga para controlar o diabetes. Na clínica, pacientes percebem que o medicamente inibe o apetite e ajuda a emagrecer. Médicos passam, então, a prescrevê-lo como tratamento contra a obesidade. A informação se dissemina, as vendas explodem e vários laboratórios lançam suas versões do remédio. E em meio a tudo isso...
- clientes acorrem aos alfaiates para apertar ternos, folgados de uma hora para outra;
- noivas dão trabalho extra às costureiras de seus vestidos, provados muito antes de começarem a fazer uso da droga;
- a clientela do jantar passa a chegar mais cedo aos restaurantes, para que tenha mais tempo de fazer a digestão;
- esses mesmos estabelecimentos veem os pedidos de bebidas alcoólicas diminuírem, assim como o de entradas e sobremesas (p. 58-61), quando não começam a perder vendas para a comida preparada em casa e levada para o trabalho, a popular marmita;
- a venda de guloseimas em supermercados cai, e a de balanças domésticas, sobe;
- a dinâmica familiar muda: se um integrante entra de dieta, outros acabam aderindo também;
- o espírito do tempo, que se inclinava para aceitação mais democrática de todos os tipos de corpos, volta a pender para a magreza — não sem protestos, principalmente depois de um polêmico comercial de uma dessas drogas afirmar que "a obesidade pode matar" e de uma celebridade do esporte endossá-la;
- o medicamento some das prateleiras das farmácias, que passam a estocá-los foram das suas lojas e vendê-los apenas por encomenda. Motivo? Assaltos.
Daqui a alguns anos, quando essas mudanças estiverem consolidadas e não chamarem mais a atenção, tornando-se parte da paisagem, lembre de atribuir o feito às borboletas que bateram as asas em 2025. São do gênero "agonistas do receptor GLP-1". E das espécies Ozempic, Monjaro e Wegovi.
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