Na adega de Ildo Paludo

Na entrevista que concedeu ao Cepas & Cifras, o diretor conselheiro da Tramontina Ildo Paludo (na foto, ao centro) repetidamente utilizava duas palavras sempre muito próximas uma da outra: vinho e amizade. “Quando não tenho viagens que eu tenha de di...
Na adega de Ildo Paludo

Na entrevista que concedeu ao Cepas & Cifras, o diretor conselheiro da Tramontina Ildo Paludo (na foto, ao centro) repetidamente utilizava duas palavras sempre muito próximas uma da outra: vinho e amizade. “Quando não tenho viagens que eu tenha de dirigir, tomo, no mínimo, uma taça ao dia. Quando estou com os amigos, pois o melhor vinho é aquele que se toma com os amigos, então, o consumo aumenta significativamente”, conta, brincando que ele – e seus amigos – são responsáveis pelo aumento da média per capita da bebida no Brasil. “Não é uma frase minha, mas gosto de dizer que toda a garrafa é diferente da outra, mesmo sendo da mesma safra. Portanto, quando bebemos bons vinhos, a experiência é compartilhada”, ensina o executivo que completa 67 anos justamente nesta terça-feira (10). 

“Eu nunca fui apreciador de cerveja, mesmo quando ainda jovem. Por isso, comecei a descobrir a arte e a paixão pelos vinhos e, como bom tomador, os primeiros foram aqueles mais suaves e jovens para, mais adiante, me aventurar naqueles mais estruturados”, recorda Ildo, que iniciou na Tramontina em 1983 como gerente de vendas do escritório de Curitiba, onde permaneceu até julho de 1986. Depois passou ao posto de gerente de vendas na unidade paulista, onde ficou por quase uma década, para então assumir a atual cadeira na fabricante de talheres (e não só eles, claro, pois o portfólio da companhia oferece mais de 18 mil itens).  

Como todo bom enófilo, Ildo tem uma adega em casa. Segundo o executivo, ela se mantém em temperatura ambiente durante o ano todo, pois está no subsolo da residência. O teto foi construído no estilo abóboda, todo revestido com rolhas de vinhos consumidos com amigos. São aproximadamente 1 mil garrafas dos principais países produtores do mundo e – como não poderia ser diferente – de todos os bons vinhos nacionais. “Prefiro aqueles de guarda. Dentro dessa linha, aprecio vinhos do mundo todo, mas logicamente os grandes rótulos da Serra Gaúcha, especialmente do Vale dos Vinhedos, e alguns bons da Campanha também. Hoje, nossos vinhos de safras especiais não perdem para os melhores vinhos do Novo e do Velho Mundos”, garante.

O amor pelos vinhos é tanta que, naturalmente, Ildo fez questão de produzir o seu próprio rótulo: o Don Paludo. A bebida foi elaborada a quatro mãos, juntamente com o amigo Márcio Brandelli (na foto, à direita), enólogo e proprietário da Almaúnica, vinícola-conceito situada no coração do Vale dos Vinhedos. A bebida é elaborada exclusivamente com a casta Merlot, vinífera emblemática do Vale dos Vinhedos, a primeira região com classificação de Denominação de Origem (DO) de vinhos no país. O Don Paludo, que é produzido exclusivamente em safras especiais, fica 24 meses em barris novos de carvalho francês e mais um ano na garrafa para somente depois ser apreciado. “Mediante tamanhos cuidados, é um dos melhores do Brasil e pode ser comparado com os bons vinhos do Novo e do Velho Mundos. E não está à venda, pois é um vinho para presentear e compartilhar com os amigos”, revela. Para acompanhar, Ildo sugere bacalhau ou mesmo um bom churrasco. 

Algumas garrafas estão na Trattoria Primo Camilo, no Restaurante Mamma Gema e na Pizza Entre Vinhos, estabelecimentos encravados no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves. Eles pertencem ao chef Altemir Pessali (na foto, à esquerda), mais um dos afetos colhidos por Ildo no mundo vinícola. “Frequento esses locais e quando vou lá com os amigos, gostamos de apreciar o Don Paludo”, relata sorridente. A alegria é evidente para alguém que é mais uma prova viva de que o vinho constrói amizades duradouras.

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Quinta, 12 Dezembro 2024

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