Gloria Bell

No geral, gosto dos filmes estrelados por Julianne Moore. Dessa vez, porém, no caso de "Gloria Bell", a história ficou muito aquém do esperado, apesar de dois ou três momentos bons. Seja como for, alguma coisa há ali que nos faz refletir sobre o cará...
Gloria Bell

No geral, gosto dos filmes estrelados por Julianne Moore. Dessa vez, porém, no caso de "Gloria Bell", a história ficou muito aquém do esperado, apesar de dois ou três momentos bons. Seja como for, alguma coisa há ali que nos faz refletir sobre o caráter tóxico de algumas relações amorosas em que o embuste é mais nocivo do que a infidelidade pura e simples, mesmo porque a neurose é uma componente latente e indissociável de uma das partes. 

Gloria Bell deve ter seus quase 60 anos. Divorciada, é corretora de seguros e de vez em quando frequenta uma boate onde gente de sua idade dança os sucessos dos anos 1980. O filme vai nesse diapasão de drinques, conversa mole e coreografias no dancing até que ela conhece um cara meio introvertido, também separado, com quem começa um namoro. A vida dela – ioga, meditação – segue seu curso e o namoro também. 

Mas logo fica evidente que há assimetrias. Ela leva o namorado para festas de família. Apesar de inábil na hora de dosar as atenções, ela está dentro do relacionamento, isso está fora de dúvida. Quanto a ele, não se passa uma hora sem que o telefone toque com uma convocação idiota, fruto da dependência que a ex-família tem para com ele, e que ele obviamente alimenta. Até uma ansiada viagem de reconciliação foi interrompida tolamente.  

Entre momentos bons e outros nem tanto, fica patente que o cara especula com o afeto dela, sem coragem de romper as amarras que o ligam ao passado. Nas crises, pode lhe dar 50 telefonemas ao dia. Na normalidade,  engendra mentiras para encobrir o quanto está ali só para passar uma chuva, à espera de outras definições. A neurose é o terreno dele e a mentira engolfa quaisquer boas intenções, por momentâneas que sejam. O final é até divertido.

O que me leva a resenhar bobamente um filme água com açúcar? É que a componente tóxica da manipulação pode muito bem se tornar uma segunda natureza para uma das partes. Mas também pode minar as resistências internas da outra. Vejo na vida corporativa sem número de pessoas aprisionadas nessas armadilhas. No caso dos EUA, é curioso observar o quanto a objetividade do dia a dia lima o desgaste antes que ele vire agonia.

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Quarta, 01 Mai 2024

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