Férias digitais
Sempre tive dificuldade de entender um colunista quando ele informa a seu público leitor que entrará de férias e que sua coluna só voltará a ser publicada dentro de algumas semanas. Para mim, que considero escrever uma enorme diversão, soa bizarro que o articulista abdique do encontro marcado com seus leitores por conta das férias. Não será que elas mesmas também não propiciam excelente tema para compartilhar com o público? Afinal, a escrita se presta a tudo. Ora, se meu tópico é economia e se meu lazer me leva à Colômbia, acaso não haveria muito a contar sobre as consequências da chegada de venezuelanos aos milhares?
É claro que, pensando bem, há uma diferença fundamental entre minha perspectiva e a deles. Jornalistas profissionais não são diletantes como eu. De minha parte, nunca ganhei um centavo por um texto publicado. Logo meu compromisso com reuniões de pauta, rigor analítico, espaços milimétricos e injunções próprias de uma vida de redação que apenas imagino, passam ao largo de minhas preocupações. Aliás, adoraria tê-las, mas parece que é tarde para isso. Ademais, compromissos profissionais com um veículo poderiam me obrigar a uma exclusividade que não combina com minha alma nômade e errante. Melhor, portanto, continuar em regime freelance.
Isso dito, há de se reconhecer que poucas coisas são tão estressantes à sua maneira quanto a conexão digital compulsória. Assim sendo, como forma de aproveitar bem a semana que começa nesta segunda-feira, resolvi desligar por uns dias e aproveitar a pleno as delícias da estação. Será uma experiência nova, mas creio que ela me trará algum benefício mesmo porque estou com os dois volumes da biografia de Elias Canetti para ler. É claro que não me desvencilharei por decreto de minha curiosidade natural de ver as coisas e, sobretudo, de registrá-las, inclusive por escrito. Na paz de uma enseada, volto a este espaço na sexta-feira com novidades.
Ou a qualquer momento em edição extraordinária.
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