Receita gaúcha revela recuperação gradual do desempenho econômico
O governo gaúcho publicou nesta quinta-feira (23) a quarta edição do Boletim Semanal da Receita Estadual sobre os impactos da Covid-19 nas movimentações econômicas dos contribuintes de ICMS do Estado. A publicação apresenta uma análise dos efeitos da crise por região e indicadores de variação das vendas no período entre 16 de março e 17 de abril e pode ser conferida na íntegra ao final desta reportagem.
A avaliação por região é feita considerando a evolução do total de vendas a varejo no âmbito dos 28 Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Corede) existentes no estado. A análise mostra que o patamar individual das quedas está associado ao nível de participação de cada unidade na produção industrial gaúcha, desta forma, as maiores reduções concentram-se na Região Metropolitana e na Serra. Em termos relativos, o Corede Hortênsias, que abrange os municípios de Gramado e Canela é o que apresenta as maiores reduções no nível de atividade econômica – uma queda de 45% no acumulado do período que se iniciou com as medidas restritivas. "Essa constatação reforça que o setor de turismo é um dos mais afetados pela crise que enfrentamos", aponta Ricardo Neves Pereira, subsecretário da Receita Estadual. O Portal AMANHÃ mostrou os impactos econômicos em Gramado.
Apesar das perdas ainda bastante significativas, uma retomada gradual já pode ser visualizada. O desempenho acumulado de curto prazo teve o pior registro no dia 6 de abril, queda de 29%, mas atingiu um número menor no dia 17 de abril, retração de 25%. "O fato do indicador de curto prazo estar melhor que o indicador de médio prazo demonstra um cenário de redução do nível das quedas", considera Neves. O comportamento de reação da atividade econômica foi observado em todas as unidades regionais, com exceção do Corede Sul, composto por municípios como Pelotas e Rio Grande, que apresenta redução de 27% tanto no curto como no médio prazo.
Visão por setores e atividades
Na última semana (11 a 17 de abril), a exemplo das três anteriores, houve queda nos níveis de atividade da indústria (-17%), do atacado (-22%) e do varejo (-28%). O setor atacadista apresentou o pior resultado semanal desde o início da crise da Covid-19. No acumulado, o impacto da pandemia é positivo para as vendas a consumidor final de medicamentos e materiais hospitalares (+11,4%) e produtos de higiene e alimentos (+2,8%). Para os demais produtos, entretanto, a retração continua brusca, totalizando redução de 45% no período. Nas maiores variações negativas constam itens relacionados a vestuário, com a maior queda percentual (-80%).
No acumulado, os setores da área de alimentação (arroz, aves e ovos, bovinos, leite, suínos e trigo) e de produtos de limpeza mantêm desempenho positivo. Os demais setores industriais ainda apresentam reduções expressivas no nível de atividade. As maiores quedas ocorrem nos setores coureiro-calçadista, móveis, têxteis e confecção, metalurgia e veículos. Já as vendas de combustíveis no estado melhoraram o desempenho nas duas últimas semanas. No total do período, o combustível com maior queda no volume de vendas foi o etanol, seguido pela gasolina e pelo óleo diesel S-500. O óleo diesel S-10, por sua vez, apresenta avanço acumulado de 8%.
Emissão de notas eletrônicas e arrecadação de ICMS
Depois de crescer 15 % na primeira semana após as medidas de quarentena, possivelmente refletindo a preocupação da sociedade em estocar determinados produtos, a emissão de Notas Eletrônicas registrou quedas bruscas nas semanas seguintes, com ápice na semana de 28 de março a 3 de abril (-31,5%). Houve tendência de recuperação nas semanas de 4 a 10 de abril (-10,6%) e 11 a 17 de abril (-13,1%), comparando a períodos equivalentes de 2019. Os balanços negativos representam diminuição do valor médio diário emitido de R$ 2,1 bilhões no período equivalente em 2019 para R$ 1,7 bilhão em 2020, ou seja, cerca de R$ 400 milhões deixaram de ser movimentados.
Após registrar desempenho positivo no início do ano, como possível resultado de uma série de medidas adotadas pelo fisco para modernização da administração tributária gaúcha, a arrecadação do ICMS começou a sofrer os impactos da Covid-19. Os efeitos se iniciaram no fim de março, ainda timidamente, fechando o mês com queda de 0,5%. Na primeira quinzena de abril, entretanto, a repercussão foi acentuada, com redução de 16,5% frente ao mesmo período do ano passado. Dessa forma, o desempenho acumulado do ano (1° de janeiro a 15 de abril) passou a ser de -0,2% (até o fechamento de março era de +3,4%). Apenas dois setores registraram desempenho positivo: agronegócio e produtos médicos e cosméticos.
A expectativa é que os impactos sejam ainda maiores no restante do mês de abril, cuja análise consolidada será publicada na edição nº 6 do Boletim, em 6 de maio.
Confira o boletim completo:
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