Desemprego cresce no primeiro trimestre
A taxa de desocupação encerrou o primeiro trimestre de 2023 em 8,8%, um aumento de 0,9 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior. Esse é o menor resultado para o período desde 2015 (8%). O número de desocupados cresceu 10%, o que representa um acréscimo de 860 mil pessoas à procura por trabalho, e chegou a 9,4 milhões. Já o total de ocupados reduziu-se em 1,6%, menos 1,5 milhão de pessoas, ficando em 97,8 milhões. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo IBGE.
"Esse movimento de retração da ocupação e expansão da procura por trabalho é observado em todos os primeiros trimestres da pesquisa, com exceção do ano de 2022, que foi marcado pela recuperação pós-pandemia. Esse resultado pode indicar que o mercado de trabalho está recuperando seus padrões de sazonalidade, após dois anos de movimentos atípicos", analisa a coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, Adriana Beringuy. O nível de ocupação, percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, chegou a 56,1%. "A queda na ocupação reflete principalmente a redução dos trabalhadores sem carteira, seja no setor público ou no setor privado", destaca Adriana. Entre os empregados sem carteira no setor público, a retração no trimestre foi de 7% ou menos 207 mil pessoas. Já no setor privado, o contingente de empregados sem carteira assinada caiu 3,2%, ou menos 430 mil pessoas.
Destaca-se, ainda, o total de trabalhadores por conta própria com CNPJ, que retrocedeu 8,1% (menos 559 mil pessoas). O número de empregados com carteira assinada no setor privado ficou estável e a taxa de informalidade foi de 39% da população ocupada (ou 38,1 milhões de trabalhadores informais) contra 38,8% no trimestre anterior e 40,1% no mesmo trimestre do ano anterior. De acordo com Adriana, a retração do emprego sem carteira pode ser observada em algumas atividades econômicas, como nos grupamentos da agricultura, construção e comércio. A coordenadora destaca ainda as quedas no grupamento de administração pública (-2,4% ou menos 415 mil pessoas) e nos outros serviços (-4,3% ou menos 231 mil pessoas). "O grupamento da administração pública tem um conjunto de atividades bem heterogêneo e foi influenciado, principalmente, pelo segmento de educação fundamental e de administração pública em si", explica.
O contingente fora da força de trabalho no primeiro trimestre de 2023 foi estimado em 67 milhões de pessoas, um incremento de 1,1 milhão de pessoas (1,6%) frente ao trimestre anterior e de 2,3% (acréscimo de 1,5 milhão de pessoas) no ano. "Esse aumento vem sendo observado há algumas divulgações. Pelas informações da pesquisa, verificamos que esse crescimento não está relacionado a um aumento da população na força de trabalho potencial ou no desalento, já que esses dois indicadores mostram estabilidade no trimestre e queda no ano", analisa. A população na força de trabalho potencial reúne as pessoas que buscaram emprego, mas não estavam disponíveis e as pessoas que não buscaram trabalho, mas estavam disponíveis. Esse contingente ficou em 8,3 milhões no primeiro trimestre de 2023. Já os desalentados, que estão na foça de trabalho potencial entre aqueles que não buscaram recolocação, totalizavam cerca 4,6 milhões de pessoas.
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