"A melhor cidade é a que já existe"
Qual a melhor cidade que existe? A resposta do arquiteto e urbanista Washington Fajardo é para ele um mantra: a melhor cidade que existe é a cidade que já existe. Dedicado à reciclagem das áreas urbanas, Fajardo defende a recuperação e ocupação das áreas centrais dos municípios apoiadas em marcos regulatórios, dados e tecnologias inclusivas. O ex-secretário de planejamento urbano da cidade do Rio de Janeiro abriu o segundo dia de palestras do Smart City Expo Curitiba. "Aprendemos a acreditar que um bairro novo, planejado, vai ser melhor para viver em detrimento da área central. Nas Américas, criamos uma visão expansionista sem critérios, que tem um custo elevado e nos obriga a investir e criar todo o suporte de infraestrutura e transporte em cada novo espaço", alerta. "A setorização das cidades proposta no século XX esvaziou as áreas centrais e criou uma dinâmica de morar e trabalhar em lugares distintos tendo o carro para se locomover."
A pandemia, no entanto, reacendeu a discussão sobre o esvaziamento das áreas centrais e uma nova forma de ocupação urbana. "Vivemos um período instável do ponto de vista do urbanismo. Mas empresas e pessoas já entenderam os benefícios do modelo híbrido de trabalho. A vacância de edifícios comerciais é um problema crescente. Mas é possível redesenhar a ocupação desses espaços e ressignificar essas áreas." Considerado um dos principais urbanistas do país, Fajardo vem trabalhando em projetos de revitalização das áreas centrais de cidades brasileiras como Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Na capital fluminense, o programa Reviver Centro foi elaborado a partir de subsídios para atrair moradores para a região central.
O urbanista também é responsável pela criação do projeto Favelas 4D, desenvolvido em parceria com pesquisadores do Senseable City Lab do Massachusetts Institut of Technology (MIT). Criado para mapear a Rocinha, o projeto foi premiado internacionalmente e tem como objetivo identificar construções e ruas ou vielas da região. A partir do escaneamento, os estudiosos podem entender no detalhe a estrutura da favela e propor ações mais efetivas. "Infelizmente esse é um projeto que tem muito mais visibilidade fora do Brasil do que internamente. Eu acredito que isso acontece por preconceito. As pessoas não entendem que seja possível – e necessário – investir em alta tecnologia nas favelas". Fajardo defendo, no entanto, o uso dessas e de outras tecnologias na reciclagem das cidades, como por exemplo, para ressignificar áreas degradadas. "Com o apoio da inteligência artificial, nós conseguimos recriar a visão de uma favela, por exemplo, imaginar novas formas de ocupação e mobilizar as pessoas em prol das melhorias.
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