Os nove magníficos
Se a nova economia conta com as chamadas sete magnificas – grupo de empresas de tecnologia líderes que incluem Alphabet (Google), Amazon, Apple, Meta (Facebook), Microsoft, Nvidia e Tesla –, o maior ranking regional do Brasil também revela seus setores pujantes. E são nove, de um total de 29 segmentos da economia da região cobertos pelo ranking, que se sobressaem sobre os demais. Juntos, eles somam quase metade (248) das representantes em 500 MAIORES DO SUL. Alimentos e Bebidas, Cooperativas de Produção, Comércio, Atacado e Varejo, Financeiro, Energia, Máquinas e Equipamentos, Eletrônicos e Papel e Celulose somaram uma receita total de R$ 902,3 bilhões no exercício de 2024 – um salto de 10,9% comparado com o ano de 2023. Esse volume de vendas equivale a praticamente três quartos (74,9%) de toda receita líquida do ranking.
Alguns desses segmentos ainda tiveram outra vitória ao exibirem rentabilidades exuberantes. Energia, por exemplo, que tem 28 companhias na lista de AMANHÃ e PwC Brasil, ocupa o topo nesse indicador, com margem de 16,4% (veja todos os indicadores das receitas e rentabilidades nas tabelas ao lado). As companhias de energia elétrica têm um trunfo a seu favor: anualmente a Aneel, agência reguladora, aprova reajustes nas contas de luz das distribuidoras, fato que auxilia a melhorar a rentabilidade. Nesta edição, a Energética Campos de Cima da Serra, de São Francisco de Paula (RS), obteve um índice de rentabilidade de 56,9%. ECTE (com 54,6%) e Enercan (50,9%), ambas de Florianópolis, e Rio Verde Energia (51,3%), de Curitiba, também mostram margens altas. O setor financeiro obteve a segunda melhor rentabilidade (15,9%). Esse índice é explicado, em parte, pelo spread, ou seja, a diferença entre a taxa de juros que o banco cobra ao emprestar dinheiro e a taxa que paga ao captá-lo para investir, além de cobrir custos operacionais e gerar lucro.
Já o comércio e as cooperativas de produção demonstram margens bem menores. No varejo, as margens de lucro tendem a ser menores, pois em muitos casos, apenas revende produtos aos consumidores, tendo dificuldades de mostrar a criação de valor para os clientes e de manter vantagens competitivas sustentáveis. Um estudo feito pela B3, a bolsa de valores brasileira, comprova o tamanho dessa adversidade. Enquanto a margem operacional das varejistas listadas em bolsa é de 3,5%, as demais empresas conseguem um resultado até quatro vezes maior (12,2%). O dado revela que, além da dificuldade em criar valor para os clientes, o que tem reflexos na rentabilidade, os varejistas necessitam concentrar esforços para a distribuição, atingindo os mercados consumidores.
Esses esforços também se materializam em despesas comerciais e de vendas, com os gastos associados à manutenção dos pontos de venda, salários com equipes de vendedores e gastos com plataformas digitais, entre outros. Isso tudo torna maior o desafio dos varejistas em aumentar as margens, já que mesmo com essas dificuldades, as empresas precisam se provar suficientemente saudáveis para caracterizar um bom investimento para os acionistas.
O cooperativismo, por sua vez, tem tentado adicionar valor às commodities que comercializa ao também fabricar alimentos com maior valor agregado, mas pelo índice apresentado em 500 MAIORES DO SUL, a estratégia está longe de alcançar seus objetivos.
Alguns setores, ainda, apresentaram queda na soma das receitas, porém mais por razões particulares que aspectos conjunturais, como ocorreu em Química, por exemplo. Com quatro empresas a menos (12) que a edição passada, o grupo faturou R$ 12,7 bilhões, uma retração de 62,4%. A grande lacuna do segmento químico é da Yara que não publicou ou enviou seu balanço em tempo viável para figurar em 500 MAIORES DO SUL. Somente em 2023, a companhia havia tido uma receita líquida de R$ 18,1 bilhões.
O setor automotivo também passou por uma situação parecida. A queda, porém, foi menor (-30,7%), para R$ 25,4 bilhões. A outra gigante ausente, nesse caso, é a multinacional Renault que somente no exercício fiscal de 2023 havia tido receita líquida de R$ 14,7 bilhões. Com a decisão de alterar sua estrutura administrativa de Sociedade Anônima para Sociedade Limitada, a fabricante de automóveis que tem unidade em São José dos Pinhais (PR) deixa de ser obrigada a publicar atos societários, assim como demonstrações financeiras em veículos de imprensa, situação que a retira definitivamente do ranking.
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