O Sul tem um novo líder
O desempenho da cooperativa de crédito Sicredi (foto) tem sido extraordinário nas últimas quatro edições. No exercício de 2021, a companhia somava um Valor Ponderado de Grandeza (VGP), principal indicador de 500 MAIORES DO SUL, de R$ 19,8 bilhões, que lhe dava a quinta posição, enquanto a já líder Bunge exibia um valor de R$ 31,7 bilhões. No ranking desta edição, baseada nos balanços de 2024, o Sicredi apresenta um VPG de R$ 43,5 bilhões, uma diferença de R$ 9,7 bilhões para a Bunge. Joga a favor da cooperativa o fato dela ter conseguido elevar a receita e o patrimônio em pouco mais de 18% e a concorrente catarinense ter tomado o caminho contrário com uma queda de vendas de 14,5% e retração de 3,1% no patrimônio. O grande baque, porém, foi no lucro que tombou 91% para R$ 234,4 milhões. Até aí o Sicredi levou vantagem: a retração foi de apenas 3,1% fazendo com que as sobras (como se chama o lucro no cooperativismo) totalizassem R$ 6,6 bilhões.
Como o VPG é resultado da soma de 50% do patrimônio líquido, 40% da receita líquida e 10% do lucro (prejuízo) líquido do exercício, a empresa gaúcha ultrapassou a Bunge com bastante vantagem. Com isso, 500 MAIORES DO SUL volta a ter uma companhia do Rio Grande do Sul como a maior da região desde a saída da Gerdau em 2019. Presente em 484 municípios gaúchos, o Sicredi ultrapassou os 97% de cobertura no Rio Grande do Sul e projeta abrir novas unidades. Em 2024, a instituição financeira inaugurou 15 agências e fechou o ano com 679 pontos de atendimento em solo gaúcho. Para 2025, a meta é ainda mais ambiciosa: a cooperativa de crédito prevê inaugurar outras 25 unidades e ultrapassar a marca de 700 agências físicas.
Fôlego renovado
O pelotão das 500 MAIORES conseguiu renovar o fôlego obtendo números positivos nos principais indicadores do ranking. Depois de registrarem queda nas vendas em 2023, as empresas viram a receita total ultrapassar R$ 1,2 trilhão, alta de 7,9%. As 206 bilionárias, 20 a mais que na edição anterior, faturaram juntas R$ 1 trilhão, praticamente R$ 4 bilhões a mais quando comparado com o mesmo indicador de 2023. Nada menos que 50 gigantes apresentaram desempenho menor nas vendas. Quem mais faturou foi a Bunge (R$ 69,8 bilhões), seguida pela BRF (R$ 61,3 bilhões) e Sicredi (R$ 51,9 bilhões).
A soma dos lucros líquidos avançou 15%, para R$ 95,1 bilhões. Quem mais lucrou foi a WEG (R$ 7,2 bilhões), seguida pelo Sicredi (R$ 6,6 bilhões), Engie (R$ 4,3 bilhões) e BRF (R$ 3,6 bilhões). Outro dado positivo foi a rentabilidade sobre receita que, depois de sofrido um revés na edição anterior, voltou a crescer (9,1%). A soma dos patrimônios ganhou tração, ao apresentar agora um valor 16,1% maior (R$ 585,8 bilhões). O montante dos prejuízos sofreu outro aumento nesta edição, o segundo em três anos consecutivos. O rombo totalizou R$ 6,4 bilhões, alta de 16,4%. A maré vermelha atingiu 65 companhias – três a menos que no ranking anterior, com base em balanços de 2022. A maior perda foi da paranaense Rumo (R$ 949,2 milhões), seguida pela também paranaense Descarbonize Soluções (R$ 796,8 milhões) e a catarinense Autopista Litoral Sul, com um prejuízo de R$ 655,9 milhões.
Sete setores concentram praticamente metade das empresas em 500 MAIORES DO SUL. Quem lidera com 54 representantes é Comércio - Atacado e Varejo. A seguir, o Financeiro (com 40), seguido por Alimentos e Bebidas (35), Saúde (32), Energia (28), Transporte e Logística (31) e Construção e Imobiliário (27), totalizando 247 companhias. Esses segmentos venderam, juntos, um total de R$ 645,7 bilhões, valor 13,4% superior ao exercício de 2023, cujos balanços foram publicados no ano seguinte. E o faturamento desse grupo de empresas representa mais da metade das vendas do primeiro pelotão (53,6%).
Divisão dos louros
Rio Grande do Sul e Santa Catarina dividem os louros nos principais indicadores do ranking. As companhias gaúchas exibem a maior receita líquida total (R$ 414,7 bilhões), assim como os maiores patrimônios (R$ 210,7 bilhões) e, de quebra, lideram com a maior soma dos VPGs, com R$ 279,3 bilhões, uma diferença de R$ 13,4 bilhões para as companhias paranaenses. As representantes catarinenses tiveram a maior soma de lucros líquidos (R$ 33,3 bilhões), como também a maior margem de rentabilidade: 11%. Isso significa que a cada R$ 100 que entra em caixa, as catarinenses conseguem lucrar R$ 11. O endividamento delas também é menor (50,9%), abaixo da média do Sul (53,7%) e das paranaenses (55,8%) e gaúchas (54,4%). O prejuízo também é o menor entre os três estados: R$ 1,3 bilhão. O índice de liquidez (2,5%) é o melhor e acima da média regional, assim como dos outros dois estados.
O trunfo do Paraná se dá no ranking setorial, emplacando um número de empresas líderes superior ao do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina quando computadas as campeãs por rentabilidade e por volume de vendas em cada setor: no total, são 11 líderes por receita, uma a mais do que na edição passada, e 13 pela margem, três a mais que no ranking anterior, totalizando 24 primeiras colocações. O Rio Grande do Sul tem 18 líderes, sendo dez pela receita e 8 pela rentabilidade, enquanto Santa Catarina soma 16, sendo oito líderes em cada um dos dois quesitos. A Bianchini – em Comércio Exterior – e a Todeschini, em Móveis, são as únicas representantes entre todas as da lista de AMANHÃ e PwC Brasil a erguerem os dois troféus, pois além de obterem a maior receita líquida, também apresentaram a maior margem de lucro em seus setores de atuação.
Esta edição marca a despedida da fabricante de automóveis Renault do ranking. Com a decisão de alterar sua estrutura administrativa de Sociedade Anônima (S/A) para Sociedade Limitada (Ltda), a multinacional francesa que tem unidade em São José dos Pinhais (PR) deixa de ser obrigada a publicar atos societários, assim como demonstrações financeiras em veículos de imprensa. Outra ausência é da Yara que não publicou ou entregou o seu balanço em tempo de figurar na lista. No entanto, o anuário também conta com estreias ou mesmo grupos empresariais que apresentaram demonstrações financeiras consolidadas, documento que dá uma visão mais próxima do real tamanho dos conglomerados econômicos. Um exemplo é o Sicoob Central SC/RS, de Florianópolis (SC), que passa a ter os números agrupados de suas várias unidades no Sul. A cooperativa de crédito debuta com pompa e circunstância no ranking na 21ª colocação. O Grupo Argenta, de Flores da Cunha (RS), também passou a marcar presença nas 500 com um balanço combinado consolidando as empresas Argenta Participações e DNA Participações. Com isso, a companhia subiu nove posições, para o 26º lugar. O Grupo Potencial, de Araucária (PR), também tomou essa decisão e agora figura na 38ª colocação.
Entre as 500 MAIORES, o Rio Grande do Sul supera o Paraná em número de empresas: 188 contra 175. Santa Catarina tem 137. Nesta edição, Santa Catarina tem seis empresas a menos, enquanto o Paraná e o Rio Grande do Sul ganharam três cada um. Curitiba, com 80 companhias, e Porto Alegre, com 71, são as cidades com maior número de representantes no ranking. Em Santa Catarina, a capital Florianópolis tem 24, seguida por Joinville, com 21. Entre as 500, são 135 cidades onde estão localizadas as sedes das companhias, sendo 53 gaúchas, 44 catarinenses e 38 paranaenses. Além disso, 81 municípios têm pelo menos uma empresa no maior ranking regional do Brasil.
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