Preços do petróleo colapsam nos Estados Unidos e fecham em nível negativo

É a primeira vez na história que os valores ficam abaixo do custo
A demanda física por petróleo secou, criando um excesso de oferta global em um momento em que bilhões de pessoas ficam em casa para frear a disseminação do novo coronavírus

Os contratos futuros do petróleo nos Estados Unidos foram negociados em valores negativos pela primeira vez na história nesta segunda-feira (20), com o primeiro vencimento terminando o dia a impressionantes US$ 37,63 negativos por barril, após operadores liquidarem posições de forma massiva em meio ao rápido preenchimento das reservas no centro de distribuição de Cushing, em Oklahoma. Isso significa que, pela primeira vez na história, vendedores têm de pagar aos compradores para que estes recebam os contratos futuros. Não está claro, porém, se isso chegará aos consumidores, que geralmente observam os preços mais baixos sendo traduzidos em valores mais baixos da gasolina nas bombas.

"Não há muita esperança de que as coisas possam mudar em 24 horas", projetou Phil Flynn, analista do Price Futures Group em Chicago

O petróleo Brent, valor de referência internacional, também recuou, mas a fraqueza não foi nem de longe tão grande quanto à do WTI, uma vez que globalmente há mais espaço disponível para armazenamento. O contrato maio do petróleo dos Estados Unidos fechou em queda de US$ 55,90, ou 306%, a -37,63 dólares por barril, depois de tocar uma mínima histórica de -40,32 dólares. O Brent cedeu 2,51 dólares, ou 9%, para US$ 25,57 o barril.

"O armazenamento está cheio demais para que especuladores comprem esse contrato e as refinarias estão operando a níveis baixos porque não flexibilizamos as ordens de isolamento na maior parte dos Estados", disse Phil Flynn, analista do Price Futures Group em Chicago. "Não há muita esperança de que as coisas possam mudar em 24 horas", projetou.

A demanda física por petróleo secou, criando um excesso de oferta global em um momento em que bilhões de pessoas ficam em casa para frear a disseminação do novo coronavírus. As refinarias estão processando muito menos petróleo que o normal, o que faz com que milhões de barris fiquem "presos" em instalações de armazenamento em todo o mundo. Tradings contrataram navios apenas para ancorá-los e enchê-los de petróleo. Um recorde de 160 milhões de barris está estocado em navios-tanque no mundo.

Já os estoques em Cushing avançaram em 9% na semana até 17 de abril, totalizando cerca de 61 milhões de barris, disseram operadores, citando um relatório da Genscape. O contrato junho do WTI, mais ativo, terminou a sessão em nível muito superior ao maio, cotado a US$ 20,43 o barril. O spread entre os dois vencimentos chegou a bater US$ 60,76, o maior da história para dois contratos próximos.

Com Reuters

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Quinta, 21 Novembro 2024

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