Sul já perdeu 314 mil postos de trabalho em razão da pandemia

Só o setor de serviços demitiu mais de 200 mil funcionários
A diminuição do número de trabalhadores soma 33 mil nas indústrias calçadista e têxtil

Durante o ano de 2019, os três estados do Sul ampliaram sua economia, criando pouco mais de 140 mil vagas trabalho. Santa Catarina se destacou pelo crescimento de 10% das vendas no varejo. Já a indústria paranaense ampliou sua produção em 5,7%, enquanto que a média brasileira esteve negativa. Apesar de não estar entre as líderes, a economia gaúcha acompanhou os demais estados no movimento de ascendência.

Com três meses de pandemia, o cenário de crescimento que havia se desenhado, logo foi tomado por severas dificuldades de manutenção do emprego e da renda. Mais que o dobro do número de vagas criadas no ano anterior foram derrubadas pelas dificuldades do coronavírus. Ao todo, as perdas no mercado de trabalho já somam 314 mil trabalhadores. Entre os três estados, a economia paranaense tem sofrido menos que as demais. Os números do mercado de trabalho totalizam 91 mil trabalhadores a menos entre os paranaenses, enquanto que o Rio Grande do Sul já ultrapassou a faixa de 120 mil.

Indústria
A explicação para essa diferença reside principalmente no desempenho da indústria. Com forte presença dos setores calçadista e têxtil, as indústrias catarinense e gaúcha apresentam quedas de 15% e 16% no ano, muito acima da média nacional, de 11,2%. Nestes dois segmentos, a diminuição do número de trabalhadores soma 33 mil profissionais.

Para a pequena cidade de Mato Leitão, próximo a Lajeado (RS), a crise se torna ainda mais dramática. Com pouco mais de 4 mil habitantes, o município teve quase 700 desligamentos na indústria calçadista, renda que seria destinada ao comércio local. Como reflexo, a arrecadação de ICMS no município já apresenta redução de 60% no ano. Em Santa Catarina, a indústria calçadista de São João Batista também apresentou redução de 1,6 mil trabalhadores, o que representa quase a metade do total de colaboradores do setor na cidade.

"Os setores de produção de móveis, borracha e plástico e a indústria automotiva também estão entre as mais impactadas pela recessão atual. Tanto no Sul como no Brasil, a queda da produção de veículos no ano se encontra na faixa de 40%", avalia o economista Henrique Reichert, da Caravela Soluções, plataforma on-line de inteligência de mercado com sede em Florianópolis.

Serviços e turismo
Além dos impactos na produção, a Covid também trouxe efeitos significativos nos serviços, especialmente naqueles ligados ao turismo. Por representar maior fatia dos empregos, o setor perdeu cerca de 200 mil trabalhadores. E entre eles, um a cada quatro estava empregado em serviços de alojamentos ou de alimentação. No caso de Bombinhas, cidade turística do litoral catarinense, a perda da força de trabalho foi superior a 20%, puxada principalmente pelas baixas em hotéis e restaurantes. A história se repete em Gramado (RS).

Retomada do comércio
Após uma redução de mais de 20% no volume de receita do varejo nacional em abril, o desempenho do último mês apresentou leve melhora, conduzindo o índice para uma retração de 12%. Já no Sul, a melhora foi mais significativa: perda de 3,2% no Paraná, retração de 4% em Santa Catarina e queda de 7% no Rio Grande do Sul. Entre os varejistas, as vendas de eletrodomésticos e móveis voltaram a apresentar avanço. Em maio, a receita das lojas de materiais de construção também foram positivas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

Para Reichert, a retomada gradual do varejo sinaliza que a queda mais brusca na economia já passou, levando consigo grande parte da incerteza dos produtores e consumidores quanto ao cenário econômico brasileiro. "Na medida em que o equilíbrio da abertura econômica e das medidas de precaução avance, a retomada do varejo deve ser acompanhada pela indústria e pelos serviços, restabelecendo gradualmente os empregos perdidos", antevê o economista.

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Quinta, 18 Abril 2024

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