Gerdau vira a chave em direção aos Estados Unidos
Os resultados trimestrais da Gerdau já pintavam o cenário final de 2014. Durante todo ano, a empresa expressou a preocupação com alguns fatores que comprometiam os resultados: o excesso de oferta de aço no mercado mundial e a baixa demanda nos mercados do Brasil e da América Latina, devido ao arrefecimento das economias locais e a entrada de aço importado da China. Então não é de surpreender que a maior empresa da região sul - de acordo com o ranking Grandes&Líderes - 500 MAIORES DO SUL, publicado por AMANHÃ em parceria com a consultoria PwC – tenha fechado o ano com um recuo de 12,2% no lucro líquido, que ficou em R$ 1,48 bilhão.
As vendas físicas também sofreram uma queda de 3,5%, contabilizando quase 17,8 mil toneladas ao ano. “A retração econômica brasileira impactou setores que consomem aço, como o de construção e o automotivo”, explicou André Gerdau Johannpeter, diretor-presidente da companhia. Em compensação, o mercado norte-americano se confirmou como ponto de desafogo para a pressionada margem da Gerdau. O reaquecimento da economia dos Estados Unidos e a taxa cambial favorável, que elevou o preço do dólar frente ao real, contribuíram para um crescimento 6,7% na receita líquida, um faturamento de R$ 42,5 bilhões.
E 2015?
O desempenho dos diferentes mercados em 2014 determina diretamente as expectativas dos executivos para este ano. Na América do Norte, a Gerdau espera a continuidade da expansão do segmento de construção não-residencial assim como da produção de veículos leves e pesados. A indústria automotiva também é promessa de boas vendas na Índia. A exportação de semiacabados (placas, blocos e tarugos) permanece como uma boa alternativa de receita uma vez que a demanda tem se mostrado positiva neste primeiro trimestre e a moeda brasileira está enfraquecida diante do dólar.
A taxa cambial, aliás, tem sido uma grande aliada da Gerdau neste momento que o mercado interno sofre com a redução de vendas. Segundo André Pires, diretor financeiro da Gerdau, hoje cerca de 60% da receita da empresa é em dólares. “Há muito tempo nós reclamávamos que o real estava sobrevalorizado, o que tirava a competitividade da indústria do aço. Acho que o dólar tem que valorizar ainda mais”, opina Johannpeter.
No Brasil e nos demais países latino-americanos, a perspectiva é que a demanda continue baixa em 2015. Johannpeter acredita que as consequências das investigações da Operação Lava-Jato, que envolvem as principais construtoras do país, vão ser sentidas na economia brasileira, pois afetam toda a indústria de transformação.
Ainda assim, a Gerdau não prevê o fechamento de nenhuma unidade neste ano – em 2014, duas fábricas encerraram a operação. “A gente vai trabalhar com o movimento do mercado, diminuindo a produção e o desembolso para os investimentos”, diz o CEO da empresa. Para 2015, está previsto R$ 1,9 bilhão em investimentos. Em 2014, foram investidos R$ 2,3 bilhões – R$ 600 milhões a menos do estimado no início do ano. “Estamos mais seletivo na aprovação de investimentos”, admite Johannpeter. A medida é uma forma de minimizar o efeito do excesso de capacidade produtiva mundial e melhorar o retorno das atuais operações da empresa.
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