Dilma Rousseff se defende atacando

Fiel a seu estilo, Dilma se defendeu atacando na sessão do Senado que desde o início da manhã desta segunda-feira (29) julga se a presidente cometeu crimes de responsabilidade. Após a manifestação inicial de 30 minutos (veja reportagem aqui), passou ...
Dilma Rousseff se defende atacando

Fiel a seu estilo, Dilma se defendeu atacando na sessão do Senado que desde o início da manhã desta segunda-feira (29) julga se a presidente cometeu crimes de responsabilidade. Após a manifestação inicial de 30 minutos (veja reportagem aqui), passou a responder às perguntas dos senadores. Primeira inscrita a usar o tempo reservado a questionamentos, a ex-ministra da Agricultura e amiga pessoal de Dilma Kátia Abreu (PMDB-TO) não fez perguntas e sim uma manifestação de apoio. Segundo Kátia, Dilma foi a chefe do Executivo que mais deu atenção ao agronegócio nas últimas décadas. "Não tenho dúvida que esse impeachment é um processo que nasceu da vingança sórdida de Eduardo Cunha [ex-presidente da Câmara dos Deputados] e da ganância de um pequeno grupo pelo poder", afirmou. Em tom inflamado, Kátia concluiu dizendo que "a história do Brasil vai contar aos brasileiros de hoje e do futuro o que estamos assistindo aqui”.  Em resposta, Dilma afirmou que o processo contra ela "coloca em causa o futuro do país”. "A partir de agora, sem base em questões juridicamente fundadas, será possível afastar governantes de suas funções. Se isso não é instabilidade política, eu acredito que poucas coisas são", disse. Segundo ela, com o impeachment, a instabilidade jurídica estará instalada.

No grupo pró-impeachment, a primeira a falar foi a senadora Ana Amélia (PP-RS), que criticou a alegação de petistas de que o processo de impeachment é um golpe. Segundo ela, foram praticados crimes fiscais que têm as digitais de Dilma e serviram a uma intenção eleitoral da presidente afastada. Segundo a senadora gaúcha, Dilma é a  autora do "descontrole fiscal" vivido pelo país. Ela ainda afirmou que todos os direitos de defesa foram assegurados a Dilma pela Justiça e que sua presença no Senado legitima o processo e desfaz qualquer afirmação de que se tratar de um golpe.

Ao rebater as observações, a presidente afastada falou da diferença entre aquilo que classifica golpe, hoje, e o golpe militar de 1964. Na metáfora de Dilma, a árvore da democracia é arrancada. E no “golpe de estado parlamentar” a árvore não é derrubada, mas sofre “intenso ataque de fungos, por exemplo”. 

Divididos em relação às declarações de Dilma, depois de um intervalo de uma hora para almoço, senadores favoráveis e contrários ao impeachment retomaram a sessão de julgamento com a manifestação de Aécio Neves (MG).  O senador mineiro criticou o argumento usado pela defesa de que o processo é um golpe por Dilma ter sido eleita legitimamente em 2014 com 54 milhões de votos. “Vossa Excelência recorre aos votos que recebeu como justificativa. Não é salvo-conduto. É delegação que pressupõe deveres e direitos. O maior dos deveres de quem recebe votos é o respeito a leis e à Constituição", provocou o senador. Aécio lembrou que, em setembro de 2014, em um debate televisivo, Dilma recordou que a inflação estava próxima de zero. “Não foi o que 2015 mostrou”, afirmou. 

Em resposta às declarações de Aécio Neves, Dilma lembrou que, após sua reeleição, uma série de medidas para desestabilizá-la foram adotadas. Como exemplo, citou o pedido do PSDB ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que houvesse auditoria nas urnas eletrônicas e nas contas da campanha petista. Questionada sobre a situação da economia do país, com a inflação que ultrapassou os 10%, a presidente afastada atribuiu a crise à queda no preço das commodities – como petróleo e minério de ferro – que impactaram na queda de arrecadação. Dilma também destacou o cenário internacional afetado, pouco depois de sua reeleição, pela decisão norte-americana de abandonar a politica de expansão fiscal, levando à elevação dos juros americanos e do valor das moedas. “Não foi só o real. Todas as moedas foram atingidas”, afirmou.

A sessão terminou às 23h48 depois de 14 horas de duração. Nesta terça-feira (30) a sessão iniciará às 10 horas com previsão que a votação definitiva seja feita na madrugada ou mesmo na manhã de quarta-feira (31).

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Quinta, 15 Mai 2025

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