De Cardeal Prevost a Leão XIV
Num primeiro momento, não houve à minha volta uma grande comoção com o anúncio de Robert Prevost como o novo Papa. Eu estava em casa, cercado de poucos, e abri um Chianti de boa cepa para festejar a fumaça branca. A relativa frieza decorre do fato de ser um americano, um homem de Chicago. Haveria ali o dedo de Trump? Por que dar poder espiritual a quem ainda tem o poder econômico? Esse é um axioma antigo.
Passada meia hora, a resistência diminuiu. Paramentado com vestimentas que mais lembravam as de Ratzinger do que as de Francisco – que eram só alvura –, Prevost falou em bom italiano, deu uma palhinha em espanhol e falou aos paroquianos de Chiclayo, no Peru, onde aprendeu a ser padre, para além dos conhecimentos teológicos – de que ninguém duvida. Não há euforia, mas não há decepção. O azedume dos conservadores é nosso melhor termômetro.
Não há e não pode haver desapontamento. A escolha do nome de Leão XIV levou-nos todos a nos debruçar sobre quem foi Leão XIII. Foi um homem valoroso no diálogo capital-trabalho. Robert Prevost é agostiniano, origem sintomática de alguém que se preocupava com a interação do homem com Deus. Louvem-se os comentários de Camarotti e deplore-se a sensaboria de Cesar Tralli que perguntou se Prevost ainda vai pegar a bagagem em Chicago. Cabeça de CLT.
Foi um Conclave curto, a tensão poderia se perpetuar por dias porque é um momento de reflexão e de expectativa. Meu coração pedia que o Cardeal Tagle, das Filipinas, fosse o escolhido. Mas é só porque torço pela Ásia de forma contumaz. Pizzaballa teria sido um tiro certeiro no bojo de sua longa vivência na Terra Santa. Mas um Papa de 60 anos pode esperar. Longa vida ao Papa Leão XIV!
Que eu viva bastante para conhecer seu sucessor.
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