Câmara cassa mandato de Eduardo Cunha
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta segunda-feira (12) por 450 a favor, 10 contra e 9 abstenções a cassação do mandato do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A medida põe fim a um dos mais longos processos a tramitar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que se arrastava por 11 meses e interrompe o mandato de um dos políticos mais controvertidos dos últimos anos. Com o resultado, Cunha perde o mandato de deputado e fica inelegível por oito anos, mais o tempo que lhe resta da atual legislatura.
A sessão que culminou com a cassação do mandato de Cunha começou por volta das 19h, mas foi suspensa poucos minutos depois pelo presidente da Casa Rodrigo Maia (DEM-RJ), que esperava maior quórum e retomada pouco depois das 20h. Na retomada falaram o relator do processo no Conselho de Ética, Marcos Rogério (DEM-RO), o advogado de Cunha, Marcelo Nobre, e o próprio deputado afastado.
Como votou a bancada do Sul
Confira, a seguir, como votou cada um dos deputados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. A relação apresenta, pela ordem, o nome do parlamentar, partido e voto.
Paraná
Alex Canziani PTB Sim
Alfredo Kaefer PSL Abstenção
Aliel Machado REDE Sim
Assis do Couto PDT Sim
Christiane de Souza Yared PR Sim
Diego Garcia PHS Sim
Dilceu Sperafico PP Sim
Edmar Arruda PSD Sim
Enio Verri PT Sim
Evandro Roman PSD Sim
Giacobo PR Sim
Hermes Parcianello PMDB Sim
João Arruda PMDB Sim
Leandre PV Sim
Leopoldo Meyer PSB Sim
Luciano Ducci PSB Sim
Luiz Carlos Hauly PSDB Sim
Luiz Nishimori PR Sim
Marcelo Belinati PP Sim
Nelson Meurer PP Abstenção
Nelson Padovani PSDB Sim
Osmar Serraglio PMDB Sim
Paulo Martins PSDB Sim
Rubens Bueno PPS Sim
Sandro Alex PSD Sim
Sergio Souza PMDB Sim
Zeca Dirceu PT Sim
Santa Catarina
Angela Albino PCdoB Sim
Carmen Zanotto PPS Sim
Celso Maldaner PMDB Sim
Décio Lima PT Sim
Edinho Bez PMDB Sim
Esperidião Amin PP Sim
Geovania de Sá PSDB Sim
João Rodrigues PSD Sim
Jorge Boeira PP Sim
Jorginho Mello PR Sim
Marco Tebaldi PSDB Sim
Mauro Mariani PMDB Sim
Pedro Uczai PT Sim
Ronaldo Benedet PMDB Sim
Valdir Colatto PMDB Sim
Rio Grande do Sul
Afonso Hamm PP Sim
Afonso Motta PDT Sim
Alceu Moreira PMDB Sim
Bohn Gass PT Sim
Cajar Nardes PR Sim
Carlos Gomes PRB Sim
Covatti Filho PP Sim
Danrlei de Deus Hinterholz PSD Sim
Darcísio Perondi PMDB Sim
Giovani Cherini PR Sim
Heitor Schuch PSB Sim
Henrique Fontana PT Sim
Jerônimo Goergen PP Sim
João Derly REDE Sim
Jones Martins PMDB Sim
José Fogaça PMDB Sim
José Otávio Germano PP Sim
Jose Stédile PSB Sim
Luis Carlos Heinze PP Sim
Luiz Carlos Busato PTB Sim
Marco Maia PT Sim
Marcon PT Sim
Maria do Rosário PT Sim
Mauro Pereira PMDB Sim
Nelson Marchezan Junior PSDB Sim
Onyx Lorenzoni DEM Sim
Paulo Pimenta PT Sim
Pepe Vargas PT Sim
Pompeo de Mattos PDT Sim
Renato Molling PP Sim
Acusação
O deputado Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo de cassação do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, leu o parecer a favor da cassação do mandato de Cunha. “Ficou provado, no curso do processo, que o deputado Eduardo Cunha tem sim conta, patrimônio e bens no exterior”, declarou. “Ao contrário do que é alegado pelos advogados do parlamentar, todas oportunidades para o exercício do contraditório e da ampla defesa foram devidamente concedidas”, argumentou. O relator acusou Cunha de ter faltado com a ética e o decoro parlamentar ao utilizar de manobras para postergar o processo. O relator disse que Eduardo Cunha omitiu, ao longo de anos, da Câmara dos Deputados e nas sucessivas declarações de renda, a propriedade de milhões de dólares em contas no exterior. Para ele, “a situação é gravíssima. Não se trata de um mero equívoco do parlamentar quanto à legislação fiscal vigente”, mas de uma tentativa do parlamentar, proposital, de esconder crimes.
“Não foi só uma simples mentira, uma mera sonegação de informação. A mentira tinha o propósito específico de camuflar e ocultar a prática de atos ilícitos como lavagem de dinheiro, evasão de divisas, concussão”, destacou Marcos Rogério. O relator afirmou ainda que quando o ex-presidente negou à CPI que tivesse conta no exterior, ele tinha acabado de voltar de Paris, onde gastou com a mulher e a filha “milhares de dólares em cartões de crédito vinculados às contas no exterior”.
Por fim, o relator pediu a cassação do mandato como forma de garantir o integral cumprimento do Código de Ética da Câmara dos Deputados. “Além de se tratar de aplicação adequada do que o Código de Ética desta Casa prevê, a cassação não tem efeito de punição individual, mas o compromisso da Casa com a ética e o decoro parlamentar”, reiterou.
Defesa
Eduardo Cunha disse que o processo contra ele, que pode resultar na cassação do seu mandato, é de natureza política e não tem provas. Ao fazer sua própria defesa no plenário da Câmara, Cunha atacou o governo do PT, disse que está sendo perseguido e que o processo é uma “vingança”.
"Eu estou pagando o preço de ter o meu mandato cassado por ter dado continuidade ao processo de impeachment. É o preço que eu estou pagando para o Brasil ficar livre do PT", observou Cunha. “O processo de impeachment que está gerando tudo isso. Eles querem troféu para dizer que é golpe. Tivemos o prazer, e isso ninguém vai conseguir tirar, por mais que o PT xingue, chore, o governo deles foi embora e graças a atividade feita por mim que aceitei o processo de impeachment”, discursou Cunha.
Falando de improviso, Cunha fez um histórico de sua atuação parlamentar de quatro mandatos e sobre o processo. Ele disse que faria uma fala política e não das questões técnicas. Segundo ele, boa parte do plenário sequer conhece o processo. “Estamos aqui vivendo um processo de natureza política dentro de um conceito de denúncias do chamado petrolão. Esquema criminoso montado pelos governos do PT”. Para Cunha, a votação da sua cassação às vésperas das eleições municipais faz parte da tentativa de criminalizá-lo.
“Marcaram uma votação como essa as vésperas do processo eleitoral é querer transformar isso em um circo. Não temos o hábito do julgamento, muito mais ainda naquilo que é técnico”, afirmou ele. Com a voz embargada, Cunha apelou que, a Casa, pelo menos, analise os recursos de seus aliados que pedem o fatiamento da votação. Pediu ainda que seja julgado com isenção. "Se o plenário chegar a conclusão que vai acabar com a minha carreira política, o que vai causar com a minha família, não tem problema. A decisão é soberana de vocês. Eu peço a vocês que tenham a isenção sobre aquilo que estou sendo acusado e condenado. Não me julguem por aquilo que está sendo colocado na opinião pública ou pelo que ouviram dizer"
Nos 31 minutos que teve direito a fazer sua defesa, Cunha atacou o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo. Disse os que querem cassá-lo não conseguiram provar que ele tem contas no exterior e que o truste não é uma conta. Cunha reiterou ainda que está havendo seletividade em relação a ele. Segundo ele, a denúncia contra o presidente do Senado está há mais de 3 anos esperando para ser apreciada, e que no caso dele demorou menos de 60 dias.
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