2020: o ano do Zoom

CEO da plataforma de videoconferência lidera uma trajetória de crescimento exponencial e mantém otimismo ao olhar para o pós-pandemia
“Eu não acho que todos os colaboradores vão retornar aos escritórios. É muito provável que teremos um híbrido. Por isso o Zoom irá permanecer", expressou Yuan na Web Summit

O sorriso de orelha a orelha que marcou toda a fala de Eric Yuan na Web Summit é mais do que um sinal de sua personalidade amigável, algo absolutamente inegável. É o reflexo da satisfação de um empreendedor que conseguiu escalar seu negócio, enfrentando de igual para igual e até superando grandes players num mercado altamente competitivo. E mais: num ano marcado pelas dificuldades geradas pela pandemia, viu sua empresa crescer ainda mais e se tornar amplamente utilizada pelo mundo afora. E, assim, tornou-se uma das grandes beneficiárias da Covid-19. Afinal, quem antes da pandemia — ao menos no Brasil — tinha ouvido falar do Zoom?

Com o isolamento social, a plataforma se consagrou como uma das opções preferenciais do público para fazer reuniões virtuais de trabalho, estudar à distância e até manter o contato com a família e os amigos. Essa mudança abrupta nos hábitos de vida dos cidadãos se evidenciam na performance de expansão da companhia. No terceiro trimestre deste ano, sua receita chegou a US$ 777 milhões, representando um aumento de 367% em relação ao mesmo período de 2019. E as perspectivas para o final de 2020 são ainda melhores, totalizando uma receita de US$ 2,5 bilhões. Detalhe: Yuan já era bilionário em 2019, quando a empresa fez um mega bem-sucedido IPO. Hoje, seu patrimônio está estimado em US$ 20 bilhões, figurando na seleta lista da Forbes.

Lições de um empreendedor
Alguns detalhes tornam a trajetória profissional do fundador do Zoom única. Nascido na China, ele teve o visto negado pelos Estados Unidos nada menos do que oito vezes. Tanto persistiu que, na nona tentativa, logrou êxito na iniciativa e se fixou no Vale do Silício. Ele chegou a ser vice-presidente da WebEx — hoje concorrente direta do Zoom —, mas desistiu de um altíssimo salário, pois estava infeliz. Decidiu abrir seu próprio negócio, com todos os riscos envolvidos nessa travessia. E a aposta deu certo, aliás, muito certo.

Todo esse percurso gerou uma série de aprendizados, que ele compartilhou para um público de mais de 2 mil participantes on-line da Web Summit. "Em primeiro lugar, seja paciente, não fique pensando no sucesso dos outros. Continue fazendo aquilo em que você é bom", resumiu. "Construir um negócio sustentável é uma jornada de longo prazo. Às vezes, você tem altos e baixos. Você perde clientes, ganha clientes", emendou, sempre com simplicidade.

Questionado sobre o que mudou em sua vida após se tornar um empreendedor bilionário e reconhecido mundialmente, Yuan foi taxativo: "Eu não acho, olhando para mim mesmo, para mim, para minha família, para o jeito que eu trabalho, que qualquer coisa tenha mudado". O empreendedor afirmou que aumentou sua responsabilidade, com o uso crescente da plataforma pelo público. "Eu simplesmente curto ainda mais", complementou.

Otimismo diante do futuro
Quando surgiram notícias informando sobre uma vacina contra a Covid-19, as ações da companhia caíram na bolsa. Mesmo assim, Yuan mantém o otimismo quando olha para o pós-pandemia sob a perspectiva de seu negócio — que é 100% dependente do ambiente virtual. "Eu acredito que o jeito como trabalhamos, vivemos, aprendemos e nos divertimos é muito diferente hoje. Digamos que a pandemia acabará amanhã. Nós todos iremos voltar para o escritório? Eu não acho que todos os colaboradores vão retornar aos escritórios. É muito provável que teremos um híbrido, porque isso é bom para a mudança climática e, também, para a produtividade. É por isso que eu acho que o Zoom irá permanecer", expressou.

Questionado sobre o que vem pela frente, o empreendedor destacou que o software seguirá em evolução, principalmente empregando inteligência artificial e realidade virtual. "Acreditamos que as ferramentas de videoconferência como o Zoom podem entregar uma experiência melhor do que os encontros presenciais no futuro. Eu poderei apertar suas mãos. E, se falarmos línguas diferentes, com a AI, conseguiremos entender um ao outro", previu. E foi além: uma pessoa poderá sentir o cheiro do café da outra, mesmo à distância. E quando isso tudo ocorreria? Em dez ou quinze anos, segundo o CEO. "Eu garanto a você", concluiu. E quem duvidaria do persistente Yuan, depois de tudo o que alcançou?

*O Grupo AMANHÃ está presente em mais uma edição da Web Summit. A curadoria da cobertura tem a assinatura da BriviaDez com geração de conteúdo da Critério — Resultado em Opinião Pública.

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Sexta, 13 Dezembro 2024

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