Open banking e agências sem caixas: o que os bancos do Sul projetam para o futuro

Ir ao banco para sacar dinheiro ou pagar contas já tem deixado de fazer parte da rotina de boa parte dos clientes do sistema bancário. O número de transações bancárias feitas pelo celular em 2018 cresceu 24% em relação ao ano anterior e os aplicativo...
Open banking e agências sem caixas: o que os bancos do Sul projetam para o futuro

Ir ao banco para sacar dinheiro ou pagar contas já tem deixado de fazer parte da rotina de boa parte dos clientes do sistema bancário. O número de transações bancárias feitas pelo celular em 2018 cresceu 24% em relação ao ano anterior e os aplicativos dos bancos tornaram-se o canal preferido dos brasileiros para fazer transações financeiras. Hoje, de cada 10 transações, com ou sem movimentação financeira, seis são feitas por meios digitais – celular ou computador. Esses são alguns dados da Pesquisa de Tecnologia Bancária 2019 da Febraban.

Agências sem caixas é o que prevê Claudio Coutinho, presidente do Banrisul. Além de tornar os processos mais ágeis e cômodos, esse processo colaborará para a redução dos custos operacionais das unidades – hoje, os gastos com segurança e transporte de valores representam cerca de 30% do custo de manutenção. A ideia não é extinguir as agências, mas transformá-las em pontos de negociação e contratação de crédito e seguros. “Não precisamos ter todas as agências sem caixas. Mas hoje um dos objetivos das agências é ser um ponto para ensinar o público a usar o aplicativo”, detalha o executivo. No primeiro semestre deste ano, os canais de Internet Banking (Home e Office Banking) e Mobile Banking (Minha Conta, Afinidade e Office acessados por meio do aplicativo Banrisul Digital) tiveram 123,9 milhões de acessos – 34,4% superior ao mesmo período de 2018, o que equivale a uma média de 688,8 mil acessos diários.

A capilaridade do Sicredi – com quase 1,8 mil unidades pelo Brasil – é encarada como um ativo da marca. “É um polo de desenvolvimento das cidades. Quando a agência é só um hub de operações, aí vira passivo mesmo. A presença da rede é importante, mas as agências precisam mudar”, defende João Francisco Tavares, diretor-executivo da cooperativa de crédito. A transformação digital do banco está em marcha há mais de dois anos e conta com o apoio de startups e, também, de um espaço de inovação mantido no parque tecnológico da PUCRS. De lá para cá, a cooperativa afirma que mais que triplicou a velocidade das entregas, sem aumentar o valor dos investimentos. Hoje, a inteligência artificial já atende 28% dos chamados dos clientes, além de auxiliar na abertura de novas contas: para abrir uma caderneta de poupança, o usuário leva em torno de cinco minutos. Dos 4,2 milhões de associados em todo o país, quase metade (2 milhões) são da Central Sul/Sudeste da cooperativa. Do total, 1,4 milhão utilizaram o aplicativo e 764 mil clientes usaram a plataforma de internet banking no ano passado.  É em Cafeara, cidade do norte paranaense, que o Sicredi vem desenvolvendo uma experiência totalmente digital, sem dinheiro físico. Além da agência sem caixas, os moradores são incentivados a fazer todas as operações virtualmente. “Até o padre recolhe o dízimo com maquininha”, relata Tavares. Para o experimento funcionar, a cooperativa investiu em cabeamento de fibra ótica e rede para a melhorar a conexão na comunidade que tem cerca de 3 mil habitantes. 

Nativo digital, o Agibank aposta na experiência do usuário para abocanhar parte dos clientes dos bancos tradicionais. Entre as estratégias, está o lançamento em breve de uma “agência-café”, um espaço que permite desde a contratação de serviços até consumir um lanche enquanto utiliza a rede Wi-Fi do local. A instituição que nasceu digital – a partir de uma startup que organizava um market place de crédito consignado, há 20 anos – hoje conta com 600 pontos de atendimento para o público, todos sem caixas e sem dinheiro físico circulando pela agência. “Somos um banco em construção. Esse ano, começamos a operação de conceder crédito de forma totalmente virtual. Em 2020, vamos lançar um aplicativo feito pensando na experiência do usuário, a partir de mais 15 mil entrevistas feitas com clientes”, descreve Marciano Testa, CEO do Agibank. O Agibank também foi pioneiro ao lançar o pagamento via QR Code, tecnologia que vem sendo regulada pelo Banco Central (BC).  

O open banking, um sistema de compartilhamento de dados bancários que permitirá integrar os dados de clientes em diferentes instituições financeiras, também está no horizonte da instituição. O modelo, baseado no que vem sendo utilizado na Inglaterra, também está sendo regulamentado pelo BC, mas o Agibank se adiantou ao movimento. “Estamos fazendo um [plano] piloto com o Banco do Brasil”, garante o presidente. Nas metas da jovem instituição financeira, está a expansão da rede para 1,5 mil pontos em todo o Brasil, 10% deles só no Rio Grande do Sul. 

Os empresários estiveram no tradicional Tá na Mesa, reunião-almoço promovida pela da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), desta quarta-feira (16), em Porto Alegre.

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