A voz da experiência

Profissionais acima dos 50 anos são mais procurados por PMEs para resolver desafios como estratégia, aumento de eficiência e inteligência emocional

A cada minuto, 150 cidadãos brasileiros chegam aos 50 anos. Esse é o ritmo de uma transformação sem precedentes: em 2070, a previsão é de sermos 10 milhões nessa faixa etária, o que corresponderá a um terço da população. Enquanto países europeus levaram 150 anos para essa transição, o Brasil completou-a em apenas 25, criando um cenário único de desafios — e de oportunidades. Dados do Ministério do Trabalho mostram que 32% da força de trabalho formal já é composta por profissionais 50+. No entanto, as contratações para esse grupo caíram 32% entre 2022 e 2023. "Fazer a exclusão ativa deste grupo é estrategicamente irresponsável", alerta Cris Sabagg, especialista em mercado de trabalho maduro, enfatizando que o grupo movimenta R$ 2 trilhões anuais — ou quase metade da renda formal do país.

Segundo ela, as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) são um nicho de oportunidades para esses profissionais, pois estão focadas em eficiência e resultados em mercados dinâmicos. Por isso, preferem apostar em profissionais com expertise, capazes de impulsionar vendas, otimizar a gestão financeira, estruturar políticas de pessoas e aumentar a eficiência operacional. Para aproveitar as oportunidades disponíveis, Cris propõe três pilares para profissionais se adaptarem aos novos desafios do mercado. O primeiro é fluência digital, ou seja, dominar ferramentas específicas de sua área, e não necessariamente programação ou IA. Em seguida, construir uma narrativa de resultados, com um currículo que mostra impacto, não apenas histórico. Por fim, construir constantemente uma rede de contatos estratégica, um ativo profissional indispensável em qualquer momento da vida.

Já entre as empresas, existem mitos que precisam ser derrubados. "Falar de empregabilidade 45+ é olhar além do preconceito", declara a pesquisadora. Com relação ao clichê "choque geracional", a especialista propõe substituí-lo pela convergência. "Jovens trazem conhecimento novo, mas os maduros têm o conhecimento consolidado", defende. Para Cris, essa diversidade cognitiva resulta em máquinas de inovação nas empresas. Outra falácia é a do descompasso tecnológico. "O problema não é capacidade de aprendizado, mas a percepção equivocada das empresas", explica. Estudos mostram que cérebros maduros integram conhecimento com eficiência, desde que tenham oportunidades de atualização.
A isso soma-se a armadilha salarial: a noção de que profissionais experientes são caros para as empresas. Uma solução é apostar em novos modelos, como o trabalho sob demanda, onde experiência é remunerada por projeto, já consolidadas nos Estados Unidos e na Europa. Enquanto o Brasil debate preconceitos, empresas visionárias colhem os frutos dessa mão-de-obra qualificada.

Esse conteúdo é parte integrante da edição 349 de AMANHÃ. Acesse a publicação completa clicando aqui.

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Terça, 09 Setembro 2025

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