BRDE, o financiador do desenvolvimento

O case a seguir faz parte do livro “Paraná – Grandes Marcas”, publicado pelo Instituto AMANHÃ.  Historicamente, o Sul se sentiu menosprezado pelo centro do país. Foi por causa desse sentimento que a Guerra dos Farrapos estourou no Rio Grande do Sul, ...

O case a seguir faz parte do livro “Paraná – Grandes Marcas”, publicado pelo Instituto AMANHÃ. 


Historicamente, o Sul se sentiu menosprezado pelo centro do país. Foi por causa desse sentimento que a Guerra dos Farrapos estourou no Rio Grande do Sul, em 1835, a partir das queixas dos estancieiros sobre as taxações impostas pelo poder imperial. As revoltas regionais foram uma constante em todas as regiões do Brasil, durante todo o século 19. Imposta a ferro e fogo, a formação da república, em 1889, acomodou os sulistas revoltosos em uma região composta por Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Os paulistas fizeram parte da região Sul até 1969.

Existia uma disparidade: enquanto São Paulo se consolidou durante a primeira metade do século 20 como centro econômico-financeiro do país, dividindo com o Rio de Janeiro, então capital federal, o protagonismo cultural e político, a região Sul estava distante tanto do cofre quanto do palanque. Mesmo com a quebra do revezamento entre paulistas e mineiros na presidência da república, com a ascensão do gaúcho Getúlio Vargas ao Palácio do Catete, em 1930, o Sul continuou coadjuvante nas decisões sobre a economia brasileira.

Mas a região, historicamente agrícola, começou a se urbanizar rapidamente nos anos 1950. Era o tempo de Juscelino Kubistchek, do slogan “50 anos em 5”, do desenvolvimentismo que nem a indústria automotiva, em plena expansão, conseguiria frear. Em apenas dez anos, as três capitais do Sul tiveram um crescimento populacional de quase 500 mil pessoas. Com a massa vindo do campo para a cidade, mais mão de obra chegava e, por isso, mais postos de trabalho precisavam estar à disposição. A economia do Sul se preparava para um novo cenário: ganhar protagonismo.

Getúlio Vargas, já no segundo mandato, criara o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDE), em 1952, para fomentar a nascente industrialização do país. Foi a primeira vez que o estado resolveu criar uma instituição de fomento à indústria – casamento vigente entre tapas e beijos até hoje. Entretanto, o então BNDE – o S completaria a atual sigla apenas em 1982 – priorizava as indústrias do centro do país em detrimento do Sul.

Ao assumir o governo do Rio Grande do Sul, em 1959, Leonel Brizola impôs um ritmo frenético de trabalho, tentando modernizar a economia gaúcha para torná-la competitiva com o centro do país, especialmente em relação às indústrias paulistas. Brizola queria uma união do Sul em prol do desenvolvimento. No Brasil, o governador paulista, Jânio Quadros, foi eleito prometendo varrer a corrupção com sua “vassourinha”, mas, oito meses após assumir, deixou o cargo abruptamente, sem nunca ter deixado claro o motivo da renúncia.

Meses antes do ocorrido, os governadores Brizola, Ney Braga, do Paraná, e Celso Ramos, de Santa Catarina, reuniram-se com Jânio em Florianópolis para discutir a possibilidade de fomentar a economia do Sul. Foi o começo das discussões para a criação de duas entidades em 15 de junho de 1961: Conselho de Desenvolvimento do Extremo Sul (Codesul) e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Mas Jânio já havia deixado o cargo quando o BRDE foi oficialmente fundado por decreto do presidente João Goulart em 22 de dezembro de 1961.

A primeira agência no Paraná foi fundada em 1964, situada na Rua XV de Novembro, no centro de Curitiba. Com o passar das décadas, o banco foi se solidificando como grande propulsor do desenvolvimento da região Sul. Mesmo passando por crises – chegou a ser liquidado pelo Banco Central em 1989, sendo reaberto em 1992 – o BRDE ressurgiu, voltou com força e até hoje contribui para a economia do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, atendendo a 1.033 municípios.

Parceiro do Paraná
Desde sua criação, o BRDE é um parceiro da economia dos três estados do Sul. No Paraná, com agência em Curitiba e escritórios regionais em Cascavel, Francisco Beltrão e Toledo, o banco garante recursos para que empreendedores possam investir em seus negócios, gerando renda, emprego e riquezas para o Estado. Para se ter uma ideia da contribuição do BRDE para os bons resultados da economia estadual, de 2011 a 2017 as operações contratadas pela Agência Paraná somaram R$ 7,2 bilhões. 

Com participação do BRDE, o governo do Paraná está investindo R$ 1,5 bilhão na ampliação de sistemas de água e de coleta e tratamento de esgoto nos municípios paranaenses. Uma dessas obras é no litoral, o maior investimento da história da região: a ampliação da rede de esgoto de Matinhos e Pontal do Paraná. Estão previstas 25 mil ligações de esgoto nos dois municípios. O valor total da obra é de R$ 252 milhões. O BRDE participa da obra, em parceria com a Caixa Econômica Federal, com o repasse de R$ 58,8 milhões. 

Além de financiar produtores rurais e empresas de todos os portes, o BRDE vem diversificando produtos, serviços e parceiros. Na busca por novas fontes de recursos, o banco passou a operar o Fundo Geral do Turismo (Fungetur), o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) – gerenciado pela Agência Paraná – e contratou na Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) 50 milhões de euros para investimento em projetos sustentáveis. 

O BRDE criou também dois importantes programas: o BRDE Municípios e o BRDE PCS – Produção e Consumo Sustentáveis. No início de 2018, firmou parceria com a Fundação da Universidade Federal do Paraná para o Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Cultura (FUNPAR) para ações conjuntas de apoio técnico e crédito aos municípios paranaenses. 

Projetos culturais, de esporte, audiovisual e inclusão social, via leis de incentivos fiscais, são também apoiados pelo banco, como a Lei Rouanet, os fundos da Infância e Adolescência e do Idoso, o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON) e o Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (PRONAS). Com o suporte do BRDE, o Hospital do Câncer de Londrina pode ampliar sua área de atendimento de 6 mil m² para 22 mil m².

Banco da inovação
A inovação tem sido o motor dos novos negócios e empreendimentos que surgem. Ciente desse passo que a economia nacional tem dado, o BRDE trabalha com as empresas financiando seus projetos de inovação, para que a economia do Sul esteja conectada com os novos rumos. “O BRDE busca fortalecer a inovação no ambiente produtivo da região Sul, mediante financiamentos de longo prazo para empresas e projetos inovadores com condições e acompanhamento diferenciados”, define o presidente Orlando Pessuti.

Um dos resultados dessa ação está comprovado na pesquisa Campeãs de Inovação do Sul, publicada pela Revista AMANHÃ. Das 50 empresas mais inovadoras do Sul, 15 são do Paraná. Dessas, cinco receberam financiamento do BRDE.

Investindo nesse setor, o BRDE firmou um convênio operacional com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), sendo credenciado como prospector e analista de operações de inovação para financiamento a grandes empresas do Sul. O banco é o maior repassador do Inovacred, programa de financiamento da agência pública, em todo o Brasil.

No futuro, o banco quer continuar sendo parceiro na promoção de crescimento econômico, tanto no setor privado como no público. Após tanta luta pela criação de uma entidade fomentadora, o Sul ganhou um banco para chamar de seu. O Paraná conta com o BRDE, o financiador do desenvolvimento.

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Domingo, 15 Dezembro 2024

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