"Ter um supercarro virou prioridade para pessoas com poder aquisitivo", avalia empresário
A pandemia causou uma profunda transformação nos hábitos dos consumidores, alterando a concepção do que é prioridade. Essas mudanças se materializam de forma clara no segmento de luxo: as pessoas anteciparam seus planos futuros, e sonhos distantes passaram a ser considerados e realizados. De olho nessa oportunidade e buscando atender a uma demanda crescente do público, um empresário do ramo de blindagens automotivas premium decidiu ampliar sua atuação no setor e abrir uma revenda multimarcas de carros de luxo (automóveis partindo de R$ 300 mil e podendo ultrapassar a casa do R$ 1 milhão). E o novo negócio, criado com mindset digital, vem crescendo de forma acelerada.
A Casco Blindagens foi criada em 2014, posicionando-se uma blindadora boutique: produz um número limitado a 20 carros por mês, com elevado padrão de qualidade no processo e na escolha de materiais. Ao lado de Alexandre Cassel está Eduardo Bier, responsável pelo direcionamento estratégico do negócio. O empreendedor é conhecido por atuar nos setores da cerveja e de saúde: é fundador e CEO da Dado Bier e presidente do conselho de administração do Hospital Moinhos de Vento.
"O mercado nacional de automóveis usados é gigantesco, totalizando R$ 600 bilhões. Decidi investir em blindagem e venda de carros de alto luxo por entender que se trata de um negócio promissor e em franca expansão. Além do potencial de mercado, percebi que havia um belo espaço para atuar no segmento premium", aponta Bier.
Baseada em Porto Alegre, em apenas sete anos, a blindadora conquistou mais de metade do market share no Rio Grande do Sul, de acordo com a companhia. Ao lado disso, tornou-se referência em altíssimo padrão, estando ao lado dos principais players do Brasil. O êxito nas blindagens acabou gerando solicitações de clientes para venda e, também, compra de carros blindados. O Grupo Casco deve faturar R$ 40 milhões este ano e projeta crescimento de 50% para 2022.
"Inicialmente, ajudamos diversos clientes nesse processo de compra e venda, mas ficou evidente que havia uma oportunidade para ampliar a atuação da Casco. Criamos, então, a Casco Motors by Piccoli: uma plataforma digital, também com loja física, de automóveis premium, tanto novos como seminovos, sendo grande parte deles já blindados", conta Alexandre.
Atentos às mudanças abruptas do mercado, do físico para o digital, a Casco Motors by Piccoli já nasceu figital (física e digital), enxergando nos canais on-line uma grande oportunidade de aumentar a abrangência das vendas: enquanto a loja física possui uma atuação regional, a plataforma digital consegue atender todo o território nacional.
Hoje, a maior parte dos negócios ocorre no ambiente virtual, possibilitando a comercialização para locais distantes do Sul do país. Carros já foram vendidos para estados como São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia, entre outros. O ticket médio da loja está em R$ 500 mil e não para de crescer. Para 2022, a expectativa é alcançar R$ 600 mil.
Mudanças comportamentais
Os impactos da Covid-19 foram sem precedentes na vida das pessoas, que perderam familiares, amigos e conhecidos. O medo se espalhou no mundo todo, gerando uma série de reflexões existenciais. E, com elas, vieram grandes mudanças comportamentais, inclusive na relação com os automóveis. "Todos nós percebemos, ainda mais, a fragilidade da vida. Para pessoas com alto poder aquisitivo, realizar sonhos, como ter um supercarro, virou prioridade. Algo que não poderia ser mais adiado", avalia Cassel.
Ele recorda do caso de um empresário que queria comprar uma Porsche Cayenne Coupé (modelo na faixa de R$ 1 milhão). Ele foi à concessionária da marca, mas não havia para pronta-entrega, necessitando de uma espera de meses. Foi quando ele encontrou o modelo na loja da Casco, por um valor acima do preço de lista. Mesmo assim, não hesitou e efetivou a compra. "Tínhamos o carro e mostramos para o cliente, que pagou a mais do que o preço da concessionária. Ele nos contou de amigos próximos que morreram em razão do vírus e que não queria esperar para realizar seu sonho. Queria viver o agora", destaca, acrescentando que a pandemia reforçou o imediatismo entre os clientes com maior poder de compra.
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