Instituto catarinense de ciência cervejeira chega a Berlim

Olha, não vou enganar ninguém: sou uma pessoa de vinhos. Sempre achei vinho a melhor bebida do mundo depois da água (deve ser minha ascendência italiana). Cresci acreditando no mito: cerveja é boa com aperitivos e comidinhas (talvez, exceto, a feijoa...
Instituto catarinense de ciência cervejeira chega a Berlim

Olha, não vou enganar ninguém: sou uma pessoa de vinhos. Sempre achei vinho a melhor bebida do mundo depois da água (deve ser minha ascendência italiana). Cresci acreditando no mito: cerveja é boa com aperitivos e comidinhas (talvez, exceto, a feijoada) e vinho é o acompanhante perfeito para as refeições. Dito isso, dá para se ter uma ideia de como fiquei surpresa ao receber o convite de minha amiga e respeitadíssima chef Josie Franke para participar de um evento de harmonização de cervejas com comidas. Curiosíssima, é claro que aceitei sem nem precisar pensar muito (coisa que adoro é quebrar os preconceitos que minha cabecinha boba coleciona).  

Em seguida recebi o e-mail com mais informações da Amanda Reitenbach, diretora do Science of Beer Institute, que estava organizando o evento, a ser realizado na Berlin Beer Academy. As surpresas estavam só começando.

A Amanda, Engenheira de Alimentos com mestrado e doutorado na área da cerveja, mora em, adivinhem: Florianópolis! Que, aliás, é onde fica a sede do Instituto que ela dirige. Fiquei encantada com o modelo de negócios: a moça conseguiu reunir profissionais de todo o Brasil, experts em cerveja, para ministrar cursos itinerantes. O mais famoso é o curso de Sommelier de Cerveja, mas eles também têm outros mais específicos sobre ingredientes e serviços. Depois de passar por quase uma dezena de cidades brasileiras e algumas no Mercosul, o empreendimento voltado para a educação cervejeira está realizando projetos na Bélgica e na Alemanha. Esse que participei em Berlim é o primeiro desse lado do oceano.  

O evento, chamado Beer Pairing, é uma festa para os sentidos. No meu caso, foram servidas cinco cervejas diferentes, cada uma acompanhada por um prato caprichosamente elaborado pela chef Josie Franke, sendo a sequência inspirada nas músicas de Carmem Miranda. Logo de cara experimentamos uma Ritterguts Gose Original, de uma cervejaria alemã de 1824, com toques de.... coentro! Olha, sou daquelas pessoas cujo DNA não as classifica na categoria "fã de coentro". Para harmonizar, um delicioso camarão sobre um carpaccio de melancia, raspas de côco e... mousse de abacate com coentro!

Coisa linda quando as pessoas estudam para fazer seu trabalho, né? As sommeliers Amanda Reitenbach e Gisele Russano, em conluio com a chef Josie Franke simplesmente arrasaram! A combinação ficou perfeita até para quem não gosta de coentro. Delícia, mil vezes delícia!

Daí pra frente foi só alegria; até a sobremesa foi acompanhada de cerveja, só para se ter uma ideia da flexibilidade dessa bebida (jamais imaginei).

Só posso dizer uma coisa para concluir: o Science of Beer Institute está fadado ao sucesso onde quer que vá. Um negócio idealizado e construído por uma menina superpoderosa com metade do corpo docente formado por mulheres especialistas; tem como dar errado? De jeito nenhum!

Só posso agradecer a essas brasileiras que enchem a gente de orgulho pela oportunidade de aprender tanto da maneira mais prazerosa possível.

Um brinde à ousadia, ao conhecimento e, é claro, à cerveja!

*Engenheira eletricista. Desde 2011 mora em Berlim, onde é ilustradora, trabalha numa empresa de tecnologia e é sócia do projeto wesen.berlin. Texto originalmente publicado pelo site Acontecendo Aqui e gentilmente cedido ao Cepas & Cifras pela autora.  

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Quinta, 21 Novembro 2024

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