Oportunidades na China em 2023
Crescem as importações da China de pescados, minérios e produtos agropecuários e florestais da América do Sul, os investimentos chineses na região, e as exportações de manufaturados, muitos com bastante tecnologia, para o Brasil e demais países sul-americanos. Em outubro, o Uruguai anunciou que finalizou as negociações para exportar sorgo para a China, destinado à produção de baijiu (a "cachaça" chinesa) e alimentação animal. Em 2021, a China comprou do mundo US$ 3 bilhões de sorgo.
Esse ano, a Argentina anunciou grandes investimentos chineses em criação de suínos, energia, mineração (lítio) e fertilizantes. A produção de suínos na região norte da Argentina é bastante ambiciosa: a meta é atingir 900 mil toneladas por ano em 25 plantas. Entretanto, a balança comercial entre os dois países é desfavorável para a Argentina desde 2008, quando o país teve um saldo negativo de US$ 581 milhões. No período 2017-2021, a situação se agravou, com sucessivos déficits anuais, totalizando US$ 27,9 bilhões negativos nesses cinco anos.
Quanto essa relação tão desigual da América do Sul com a China é boa a médio e longo prazos, para cada um de "los hermanos" e para o Brasil, parece não ser problema nesse momento crítico. Aparentemente, os países da América do Sul ainda não acordaram para a necessidade vital de uma negociação em bloco com a China, a exemplo do que ela própria está articulando via RCEP. Prova disso é a disposição do Uruguai de estabelecer um acordo (Tratado de Livre Comércio) em separado com a China.
As oportunidades na China em 2023, para o Brasil e demais países da América do Sul, são muito maiores do que apenas a possibilidade de venda de mais minérios, madeira, celulose e alimentos, além da atração de investimentos para poder produzir e exportar mais esses produtos. O Brasil poderá obter os grandes investimentos em infraestrutura de transportes que necessita, para se tornar mais competitivo internacionalmente, e atrair indústrias de ponta, para ofertar empregos de qualidade para os jovens que estão ingressando no mercado de trabalho.
Há poucos dias foi divulgado que o presidente Lula irá à China em março de 2023. Os novos governadores(as) e prefeitos(as) das maiores cidades deveriam fazer o mesmo, com a estratégia de conseguir investimentos para empresas em parques tecnológicos e infraestrutura. Institutos e universidades federais e estaduais que ainda não têm intercâmbios com instituições de ensino na China podem conseguir bolsas para enviar estudantes, para aprender mandarim e fazer pós-graduação, e receber estudantes e pesquisadores chineses.
Existem muitas oportunidades para o Brasil nas províncias e cidades da China. A província de Shandong ("irmã" da Bahia), por exemplo, com o terceiro maior PIB – quase igual ao do Brasil – e a segunda maior população (101 milhões de habitantes) do país, fica próxima a Beijing, mas ainda é pouco visitada por empresários e governos do Brasil. Depende muito mais de nós, evidentemente, encontrar – e criar – oportunidades na China, através das entidades empresariais sediadas no país, da APEX , da nossa embaixada e consulados.
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