Matteo Renzi renuncia após derrota em referendo
O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi (foto), anunciou que apresentará sua renúncia após a vitória do “não” em um referendo sobre reformas constitucionais. Pouco depois de pesquisas de boca de urna indicarem uma vitória do “não” por até 10 pontos percentuais, Renzi declarou que assume “toda a responsabilidade pela derrota” e afirmou que apresentará a renúncia ao presidente da República, Sergio Mattarella, nesta segunda-feira (5). A apuração do referendo começou logo depois do fechamento das urnas, que ocorreu às 23h locais (20h em Brasília).
A emissora pública "RAI" indicou que o "não" venceu com no mínimo 54% dos votos. Já o "Mediaset" indica que a reforma constitucional defendida por Renzi foi rejeitada por 55% dos eleitores. De acordo com jornais europeus, o fato das reformas serem rejeitadas pelos eleitores pode gerar instabilidade política na Itália. Desse modo, o país seria atirado para uma crise que agravará as dificuldades da economia interna, já abalada, e do sistema financeiro nacional e da União Europeia. Segundo analistas, o Banco Central Europeu (BCE) já estaria estudando formas de conter um possível colapso da economia italiana.
Com a vitória do “não” e a renúncia de Renzi, Mattarella tem a prerrogativa de convocar novas eleições. No entanto, a Itália vive atualmente em um limbo que dificulta a possibilidade de ir às urnas antecipadamente. A atual lei eleitoral do país foi declarada inconstitucional pela Justiça, e aquela aprovada pelo governo Renzi está diretamente ligada à reforma política, já que vale apenas para a Câmara dos Deputados. Outra opção de Mattarella seria designar alguém para formar um novo gabinete. Cada vez mais desidratado politicamente, Silvio Berlusconi se disse disposto a patrocinar um governo de união nacional, inclusive chefiado por Renzi, para aprovar uma nova lei eleitoral e ir às urnas até a primavera europeia de 2017, quando o partido antissistema e populista Movimento 5 Estrelas (M5S) poderia se tornar o mais votado do país.
A reforma derrotada
Chancelada pelo Congresso no último dia 12 de abril, a reforma reescreveria boa parte da Constituição do país, principalmente aquela referente ao sistema político. Se fosse aprovado, o projeto determinaria o fim do bicameralismo paritário, por meio da drástica redução dos poderes do Senado, que não teria mais a prerrogativa de votar a confiança ao governo. A Casa seria transformada em uma espécie de "câmara das autonomias", com funções muito menores que as atuais. A reforma também aboliria a figura das províncias.
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