Ásia: mais populosa e mais rica
Hoje, 11 de julho, é o “Dia Mundial da População”, data na qual, há 29 anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) chama a atenção para a importância das questões demográficas, cada vez mais urgentes e preocupantes – principalmente quando se pensa na Ásia. Foi em 11 de julho de 1987 que a população mundial chegou formalmente à marca de 5 bilhões. E dentro de pouco tempo essa será a população somente dos países asiáticos.
A novidade é que antes do que se esperava, a Ásia passará da condição de continente mais populoso do mundo para a de maior mercado consumidor. Quando atingir 4,9 bilhões de habitantes, em 2030, de acordo com previsão das Nações Unidas ("World Population Prospects: The 2017 Revision"), a Ásia terá um PIB total, pela paridade do poder de compra (PPP), superior a US$ 100 trilhões. Ainda que essa soma astronômica impressione, ela será pouco maior que os US$ 90 trilhões das 14 maiores economias asiáticas, lideradas pela China (US$ 38 trilhões), Índia (US$ 19,5 trilhões), Japão (US$ 5,6 trilhões) e Indonésia (US$ 5,4 trilhões), segundo estudo da consultoria PwC.
Esse “mundo de gente” da Ásia equivalerá então a 58% do total planetário de 8,5 bilhões de pessoas. Com duas diferenças históricas: a Índia, e não mais a China, terá a maior população do mundo, ultrapassagem que deverá ocorrer em 2028; e a China, e não mais os Estados Unidos, será a maior economia mundial.
Além da Rússia e Coréia do Sul, outros oito países asiáticos, com PIBs superiores a US$ 1 trilhão em 2030, terão de passar a fazer parte dos roteiros obrigatórios de exportadores brasileiros: Vietnã, Bangladesh, Malásia, Filipinas, Tailândia, Paquistão, Irã e Turquia. Com muita gente todos eles, e principalmente com poder aquisitivo crescente, que se traduz em mercados consumidores expressivos.
Em contrapartida, perderão importância relativa os mercados europeu e norte-americano, pelo envelhecimento e empobrecimento de suas populações idosas. A projeção, para a Europa, é de diminuição da população, dos atuais 742 milhões para 739 milhões; e para a América do Norte, é de 9,4% de crescimento, de 361 milhões para 395 milhões. Como ninguém ficará passivo à espera de encolher, é bem provável que essas estimativas não se concretizem, graças ao aumento da imigração – da África e América Latina e Caribe –, que deverá manter e até aumentar as populações dos países europeus, dos Estados Unidos e Canadá. No entanto, como a maior parte desses imigrantes são pessoas de baixa renda, o aumento da população não alterará muito o tamanho dos mercados consumidores.
A gravidade da situação de envelhecimento populacional na Europa é atestada por vários indicadores demográficos: a) taxa de fecundidade média inferior a 1,5, quando o mínimo para manter a população é 2,1; b) expectativa média de vida acima de 80 anos, com milhões de pessoas nessa faixa e na de 90 anos ou mais; e c) razão de dependência muito acima do que é considerada situação crítica – ou seja, pouca gente produzindo para muita gente sem produzir.
O mais assustador nessa realidade é que ela é não é privilégio da Europa. Vários outros países, de todos os continentes, atingiram há muitos anos essa condição de poucos filhos, filhos mais tarde, e vida longa. O Japão é o caso mais conhecido, mas a China também está chegando lá. E o Brasil também, com destaque para a situação do Rio Grande do Sul, que é a pior do país nesses quesitos, e de Santa Catarina, que chegará lá até 2030.
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