O melhor do mau humor
Negócios, para se manter, precisam cultivar a simpatia com os clientes e ser delicados até na hora de rejeitar um pedido ou refutar uma reclamação, certo?
Bem, então esqueceram de avisar alguns estabelecimentos cuja característica principal é justamente a oposta: um senso de humor para lá de peculiar – para não dizer uma absoluta falta de fair play no modo de tratar os consumidores.
Anos atrás, Veja SP registrou o caso de bares comandados por sujeitos meio ranzinzas, capazes de enxotar clientes na hora do fechamento ("Quem fica no boteco até tarde é vagabundo"), espalhar cartazes meio antipáticos nas geladeiras ("Por favor, não abra. Peça") ou até dispensar aqueles que apareciam quando a casa já estava lotada ("Às vezes tem quarenta pessoas aqui e o cara chega e quer ficar" – matéria completa aqui).
Mais recentemente, um bar paulistano ganhou as redes sociais por avisos antissociais, especialmente em relação ao público infantil: "Não odiamos crianças, é só a sua, mesmo". Em outra oportunidade, uma caixa de papelão, no meio do salão, trazia a mensagem: "Espaço Kids. Abandone, digo, deixe aqui seu bebê e coma à vontade". Veja a matéria completa.
E para não dizer que não falei da terrinha, um restaurante italiano da capital gaúcha é bastante bem avaliado no Google. A cada elogio, o dono responde com um coraçãozinho. Mas quando há críticas, o tom é outro, como mostram os exemplos abaixo:
Cliente 1: "Proprietário extravagante... Até ridículo".
Dono: "Tão ridículo que não tem a coragem de falar na frente. Babaca".
Cliente 2: "Eu e minha família fomos maltratados pelo proprietário em frente aos nossos filhos pequenos".
Dono: "Blá blá blá".
Cliente 3: "Os pratos de massa deixaram muito a desejar. Estavam malcozidos, os molhos sem gosto e sem sal".
Dono: "A massa servimos al dente. Temos miojo, se prefere".
Cliente 4: (atribui uma estrela, das cinco possíveis).
Dono: "Pode colocar as outras 4 (estrelas) sabe onde".
Segundo um professor entrevistado pela Veja SP, "essa postura inusitada acaba criando uma mística" que favorece ambientes assim. Não é de duvidar. Além disso, como todos os estabelecimentos de serviços, o imponderável também conta: há dia em que a casa está especialmente movimentada ou em que algum funcionário faltou – e daí, o humor da equipe e a experiência do cliente vão para as cucuias. E há o fator expectativa: se o cliente é mais tolerante do que a média, nem percebe a rudeza ou a considera normal.
De toda forma, fica a dica a compiladores de frases: as proferidas por esses estabelecimentos são dignas de fazer parte de uma antologia semelhante àquela que Ruy Castro lançou, muitos anos atrás, com o mesmo título que recebeu este post.
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