Setor calçadista vê danos irreversíveis às exportações
Apesar das tentativas de diálogo para a manutenção da histórica relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, o dia 30 de julho ficou marcado por um revés grave que irá causar danos irreversíveis nas exportações de calçados brasileiros. A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) ressaltou que, infelizmente, apesar de todos os esforços, de empresários e do corpo diplomático brasileiro, o setor estava notando poucos avanços desde o anúncio da medida. Segundo o presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira, a medida irá atingir, em cheio, não somente o setor calçadista brasileiro, que tem nos Estados Unidos seu principal destino internacional, mas milhares de empregos. A Abicalçados estima que, com a medida, as exportações para os Estados Unidos serão inviabilizadas. "Temos empresas cuja produção é integralmente enviada ao mercado externo, a maior parte para os Estados Unidos. Essas empresas terão produtos muito mais caros do que os importados da China, por exemplo, que pagam uma sobretaxa de 30%. Estamos falando, neste primeiro momento, de uma perda estimada em cerca de 8 mil empregos diretos", concluiu.
Ferreira destacou, ainda, que o próximo passo é trabalhar junto aos governos federal e estaduais para mitigar os efeitos da medida na indústria. "Agora, o poder público terá um papel fundamental para a preservação das empresas e dos milhares de empregos gerados por ela", disse. Entre as medidas solicitadas, estão linhas para cobrir o adiantamento sobre contrato de câmbio em dólar com juros do mercado externo, a ampliação do Reintegra para exportadores, a liberação imediata de créditos acumulados do ICMS e a reedição do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm), que ofereceu, em 2020, medidas trabalhistas para enfrentamento do estado de calamidade pública e da emergência de saúde pública decorrente do coronavírus.
Historicamente o principal destino internacional do calçado brasileiro, os Estados Unidos respondem por mais de 20% do valor total gerado pelas exportações do setor. Apesar do cenário internacional adverso, a Abicalçados reporta que o setor vem, ao longo do ano, recuperando as exportações de calçados aos Estados Unidos. No primeiro semestre, o Brasil exportou US$ 111,8 milhões (crescimento de 7,2%), equivalentes a 5,8 milhões de pares de calçados (+13,5%) àquele país, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Com a sobretaxa de 50% o ciclo será interrompido.
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