Após oferta pública de ações, Copel se torna uma corporação
Após uma oferta pública de ações, a Copel se transformou em uma corporação. O processo foi oficializado nesta segunda-feira (14), na sede da B3, em São Paulo, após a cerimônia de toque de campainha que encerrou a oferta das ações. O evento, acompanhado pelo Portal AMANHÃ, contou com a presença do governador Carlos Massa Ratinho Junior e do diretor-presidente da companhia, Daniel Slaviero. Mesmo com a conclusão do processo, o Paraná se mantém como acionista relevante da empresa, sendo o único com direito a uma Golden Share [uma ação de classe especial que garante poder de veto em determinadas decisões e investimento mínimo na distribuição de energia]. A operação gerou R$ 2,6 bilhões aos cofres públicos, mas com o lote suplementar o valor destinado ao estado salta para R$ 3,1 bilhões. Todo o processo deve movimentar R$ 5,2 bilhões e a participação estadual na companhia deve passar de 31,1% para 15,6%.
Os recursos arrecadados vão ajudar a financiar uma série de programas, com investimentos nas áreas de habitação, educação, infraestrutura, meio ambiente e pavimentação, como destacou reportagem de AMANHÃ. Além disso, a empresa ganha agilidade para investir mais no Paraná, dentro do foco de geração e distribuição de energia, e atender melhor à população, inclusive com a manutenção dos programas sociais. "Nós damos um passo gigante para fazer da Copel uma das maiores empresas do Brasil. Hoje a Copel já é a maior empresa do Paraná e a partir de agora, com essa modernização, estamos tirando ela das amarras burocráticas, acabamos com as indicações políticas, e ela passa a ser uma empresa que vai ter condições de, nos próximos anos, se tornar uma das três maiores empresas de energia do país", afirmou Ratinho Junior. A Copel é a terceira maior empresa da região e também a maior do Paraná, de acordo com o ranking 500 MAIORES DO SUL, publicado pelo Grupo AMANHÃ com o apoio técnico da PwC, com base nos balanços do exercício de 2021. Leia o anuário completo clicando aqui, mediante pequeno cadastro.
Segundo Slaviero, todo o processo contou com ampla transparência, aprovação dos deputados estaduais e acompanhamento do Tribunal de Contas do Estado. Pela lei, a sede da Companhia continuará no Paraná. "A condução de todo o processo por parte do governo paranaense foi irretocável. E é importante reforçar que a Copel continua focada no seu no seu negócio principal, na distribuição de energia, e ela vai agora poder competir em pé de igualdade com todas as outras empresas e grandes grupos do setor", complementou.
Corporação
Essa oferta pública consistiu na distribuição primária de 229.886.000 ações e uma distribuição secundária de 319.285.000 ações. A operação foi estruturada pelo BTG Pactual (coordenador líder), Itaú BBA, Bradesco BBI, Morgan Stanley e UBS BB (coordenador da oferta). O modelo de corporação incluiu a Golden Share ao Paraná, que é uma ação preferencial de classe especial que garante ao estado poder de definir decisões de investimento da empresa no que diz respeito à distribuição de energia no Paraná, de acordo com os interesses da população. Assim, o estado tem influência decisiva no plano anual de investimentos para garantir os patamares na aplicação de recursos previstos em lei.
Neste novo sistema, chamado de true corporation, não existe a figura do controlador, pois o poder de voto é distribuído entre todos os acionistas e, caso um mesmo grupo ou pessoa tenha mais de 10% das ações, apesar de manter uma participação proporcional nos dividendos, tem o poder de voto limitado a esta parcela. A direção da empresa será indicada a partir de critérios profissionais pelo conselho de administração e trabalhará com metas de planejamento, investimento e resultados. O conselho de administração, por sua vez, é formado a partir de indicações técnicas do Paraná e demais acionistas.
O modelo de corporação, amplamente utilizado em países economicamente avançados, garante transparência e eficiência de governança, com uma gestão focada no interesse da população que utiliza os serviços. É um sistema que lembra o das cooperativas, estabelecido com sucesso no Paraná, e o mesmo adotado por empresas líderes em seus setores, como a Embraer e a Vale, além da Eletrobras. Além disso, se continuasse como uma estatal, a Copel não teria mais a possibilidade, de acordo com a legislação federal, de renovar em 100% a concessão da sua maior usina hidrelétrica, a de Foz do Areia, que vence em 2024. Com a transformação em corporação, porém, a Copel pode manter o ativo mediante o pagamento de uma outorga à União, o que também deve ocorrer com as usinas de Segredo e Salto Caxias.
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